Covid-19. Hospitais lotados nas Filipinas e na Indonésia

por RTP
A Cruz Vermelha da Indonésia está a montar hospitais de campanha Reuters

Nove médicos morreram nas Filipinas devido à Covid-19, declarou o responsável pelo Conselho Nacional dos Médicos, num momento em que os hospitais já estão sobrelotados e os profissionais carecem de equipamentos de proteção. Na Indonésia, o país do sudeste asiático que regista mais casos confirmados, alguns médicos de dois hospitais ameaçaram entrar em greve depois de serem obrigados a usar capas de chuva para se protegerem.

A morte dos médicos nas Filipinas suscitou temores de uma crise na saúde mais séria e levantou dúvidas sobre os números de mortes comunicados pelas autoridades, que até ao momento são 38.

Mesmo após os 55 milhões de habitantes de Luzon, a maior ilha do arquipélago e onde está localizada a capital, Manila, entrarem na segunda semana de confinamento, os médicos relatam um aumento no número de casos da Covid-19.

Ao anunciar esta quinta-feira a morte de um nono médico, o conselho dos médicos afirmou que os profissionais de saúde têm falta de meios de proteção.

"Se dependesse de mim, primeiro seriam testados aqueles que estão em contacto direto com os doentes e os testaria novamente após sete dias. Os médicos podem ser portadores" do vírus, disse o médico Benito Atienza, vice-presidente do Conselho Nacional dos Médicos à agência de notícias AFP.

Três grandes hospitais de Manila anunciaram na quarta-feira que atingiram a capacidade total e já não serão capazes de aceitar novas pessoas infetadas pelo novo coronavírus.

Centenas de médicos estão agora em quarentena por 14 dias após serem expostos a situações de risco, de acordo com os hospitais.

Na terça-feira, pouco menos de duas mil pessoas foram declaradas positivas para o novo coronavírus nas Filipinas, onde os testes são realizados em pessoas mais frágeis devido em particular ao seu estado de saúde ou idade, como também em pessoas com sintomas graves ou mulheres gravidasMédicos indonésios ameaçam paralisar
Na Indonésia, onde os casos confirmados não param de aumentar, os médicos queixam-se da falta de equipamento de proteção e ameaçam entrar em greve depois de serem obrigados a usar capas de chuva para se protegerem. Na segunda-feira, 42 equipas médicas estavam infetadas com o novo coronavírus em Jacarta.

“Eu apenas rezo e tenho fé para que eu possa parar de me preocupar, embora algumas vezes esse sentimento de preocupação apareça novamente”, afirmou ao Guardian uma pediatra que trabalha em hospitais privados e públicos na capital da Indonésia.

Agnes Tri Harjaningrum teme que o país enfrente uma situação semelhante a Itália, onde os médicos afirmam que são obrigados a escolher quais os doentes que têm direito a um ventilador.

Na segunda-feira chegaram ao país várias doações da China com kits de proteção e testes. Mas, na terça-feira à noite, já faltava material em alguns hospitais de Jacarta.

Segundo a pediatra, os médicos que lidam diariamente com os doentes infetados têm prioridade na entrega do equipamento.

A Indonésia já registrou 893 casos do vírus e 78 mortes, a maioria em Jacarta. Entre as vítimas mortais estão sete médicos.

c/ agências
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