Covid-19. Hospitalizações em Espanha quadruplicaram no último mês

por RTP
Juan Medina - Reuters

Espanha não estará ainda a enfrentar a receada segunda vaga da pandemia da Covid-19, mas a situação epidemiológica está a piorar no país e o número de internamento quadruplicou no último mês. Com o aumento de casos, os centros de saúde começam a preparar-se para a potencial chegada de mais doentes infetados.

Há várias semanas que se fala de uma potencial segunda vaga da covid-19 e o certo é que o número de casos disparou novamente em Espanha. Mesmo não estando já na ameaçada nova onda da epidemia, a taxa de incidência multiplicou-se passando dos 10 casos por 100 mil habitantes registados no dia 7 de julho para os 79,8 que o Ministério da Saúde confirmou na passada sexta-feira (7 de agosto).

Este aumento de casos positivos levou a um aumento nas hospitalizações, avança esta segunda-feira o El País.

No início de julho, Espanha registava 150 pacientes internados e, agora no início de agosto, conta com cerca de 650, ou seja, quatro vezes mais.

Depois do aumento descontrolado de infeções no início da pandemia, os hospitais começam a sentir o aumento dos surtos - 580 ativos - e preparam-se que continuem a aumentar os casos e os doentes a necessitar de tratamento hospitalar.

Hospitais, centros de saúde e outras instituições de saúde espanholas preparam plantas e acessos exclusivamente para tratar os doentes com covid-19, ponderam a possibilidade de suspender férias aos profissionais de saúde e se encomendam mais material para evitar os problemas dos meses anteriores. Começam a desenhar-se também planos de contigência para o caso de ser necessário voltar a suspender serviços e a atividade normal para se poder ter mais cama nos internamentos.

Segundo os especialistas, a taxa de incidência permite observar a velocidade a que a infeção se está a espalhar. Mas, numa potencial segunda onda os surtos começarão a surgir descontroladamente, levando a que as hospitalizações nas enfemarias e nas unidades de cuidados intensivo aumentem tanto que os sistemas de saúde acabem por entrar em colapso.
Aragão é a comunidade mais afetada

Embora a nível nacional os números estejam novamente a subir e a preocupar as autoridades, as várias regiões espanholas não estão a ser todas afetadas da mesma maneira.

De facto, entre as comunidades mais atingidas está Aragão.

Segundo os dados mais recentes, registam-se mais de 500 doentes internados em enfermairias e mais de 40 nos cuidados intensivos, nesta comunidade autónoma.

Além disso, são atendidas diariamente cerca de 200 pessoas infetadas ou com suspeita de infeção, nos centros de saúde.

Também os serviços de urgência atendem todos os dias entre 150 e 200 pessoas com covid-19 ou suspeita de infeção, embora nos últimos dias a situação pareça estabilizar, "com aumentos diários da ocupação leitos abaixo de cinco por cento", disse ao jornal espanhol José María Abad, diretor de Assistência à Saúde de Aragão.

Segundo os últimos dados do Instituto de Saúde Carlos III (ISCIII), cerca de cinco por cento das infeções confirmadas (desde 10 de maio até à data) acabam por levar a internamento. Ou seja, se forem identificados 200 casos, dez dessas pessoas vão acabar por ser hospitalizadas.

O sistema deteta primeiro os casos leves, mesmo assintomáticos (são 50 por cento segundo o ISCIII), mas dias depois aparecem as formas mais graves da doença - 0,4 por cento dos infetados entram ficam nas unidades de cuidados intensivos e a 0,4 acaba por morrer.

Esta comunidade autónoma foi uma das primeiras a propor a suspensão das férias para alguns profissionais de saúde e a possibilidade de integrar nas equipas médicas profissionais reformados. Algumas comunidades próximas continuam a oferecer os hospitais a Aragão, caso seja necessário transferir pacientes.

Espanha continua a ser dos países europeus mais afetados, registando já mais de 314 mil infetados, desde o início da pandemia.
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