OMS. Menos vacinas em África podem abrir caminho a novas variantes

por Carla Quirino - RTP
Siphiwe Sibeko - Reuters

A diminuição de remessas de vacinas enviadas para os países africanos está a colocar em causa as metas pretendidas pela Organização Mundial de Saúde. A escassez global de vacinas forçou a Covax a reduzir a entrega para 470 milhões de doses o que implicará vacinar apenas 17 por cento da população até ao fim do ano em vez dos 40% estimados. A OMS alerta que África pode tornar-se uma fábrica de variantes.

"A incrível desigualdade e o atraso severo nos embarques de vacinas ameaçam transformar áreas da África ... em laboratórios de variantes resistentes à vacina", adverte Matshidiso Moeti, diretora da OMS para África, citada no The Guardian.

"Isso pode acabar enviando o mundo inteiro de volta à estaca zero", acrescenta.

A aliança Covax – Acesso Global às Vacinas da Covid-19—liderado pela OMS para garantir a distribuição equitativa de doses às populações, desacelerou no continente africano. Vão chegar menos 150 milhões de vacinas do que o planeado.

"Enquanto os países ricos bloquearem a Covax do mercado, África perderá suas metas de vacinação", disse Moetti. Os motivos desta redução é explicada "pelas proibições às exportações, a prioridade dada aos acordos bilaterais entre fabricantes e países, atrasos no depósito dos pedidos de homologação", entre outros.

Na rede social Twitter, a OMS escreve que apenas 2 por cento das quase seis mil milhões de doses administradas globalmente, foram aplicadas em África.

Os objetivos da vacinação até ao final de 2021 não vão ser atingidos, alcançando apenas 17% em vez dos 40.

A marca de oito milhões de pessoas infetadas foi ultrapassada esta semana, segundo a OMS.

A Organização relata que 24 dos 54 países da África ainda registam um número alto ou crescente de casos. A situação é particularmente aguda na África Ocidental, Central e Oriental.

Moeti diz que a pandemia continua a assolar o continente e sublinha que a cada hora 26 africanos morrem de COVID-19.

"Com preocupações sobre as variantes e pressões políticas que impulsionam a introdução de vacinas de reforço e países com altas taxas de vacinação expandindo as suas implementações para alcançar grupos de baixo risco, a nossa esperança de igualdade global de vacinas está sendo desafiada mais uma vez", disse Moeti, citada no Voanews.

Acrescenta que, ao comparar os números africanos de vacinados até agosto deste ano, os 3% da população demonstra a acentuada diferença entre os mais de 60% na União Europeia e nos Estados Unidos.

No Reino Unido, George Eustice, ministro da pasta do meio ambiente, a propósito de viagens para fora do país e misturas de pessoas infetadas, disse à Sky News, que ainda é necessário estar "vigilante" em relação a novas variantes, alertando que estas podem desencadear um novo "confinamento total".
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