Covid-19. Ministro tenta convencer Bolsonaro a ser vacinado

O ministro da Casa Civil brasileira disse temer pela vida do presidente do país e acrescentou que está a tentar convencer Jair Bolsonaro a receber a vacina contra a covid-19.

Lusa /
Bolsonaro pressionado a tomar a vacina André Sousa Borges - EPA

A declaração do ministro e general Luiz Eduardo Ramos foi divulgada pela rádio CBN e foi prestada durante uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar, no Palácio do Planalto, em Brasília.

"Estou envolvido pessoalmente, tentando convencer o nosso presidente (a receber a vacina), independente de todos os posicionamentos. Nós não podemos perder o presidente para um vírus desse. A vida dele, no momento, corre risco, ele tem 65 anos (tem 66)", desabafou Ramos, que não sabia que a reunião estava a ser transmitida em direto nas redes sociais.

Bolsonaro, um dos chefes de Estado mais céticos em relação à gravidade da pandemia em todo o mundo, já mudou de posição sobre a vacinação várias vezes.

O chefe de Estado já criticou a vacinação contra a doença, já disse que não queria receber a vacina e já admitiu a possibilidade de ser vacinado, na condição de ser o "último brasileiro" a tomar a vacina.

Naquela reunião, o general Ramos, que estava acompanhado pelos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Economia, Paulo Guedes, confidenciou ter sido vacinado contra a covid-19, em Brasília.

"Tomei escondido, porque a orientação era para não criar caso, mas vazou. Eu não tenho vergonha, não. Tomei e vou ser sincero: como qualquer ser humano, eu quero viver. E se a ciência está dizendo que é a vacina, como é que eu me posso contrapor", questionou Ramos.

A mesma reunião foi marcada por uma polémica declaração do ministro da Economia que, sem saber que estava a ser gravado, afirmou: "o chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva que a do americano. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa (...) Está aqui a vacina da Pfizer. É melhor que as outras".

Ao ser informado que a reunião estava a ser gravada e transmitida em direto nas redes sociais, Paulo Guedes pediu para que o encontro não fosse publicado, indicou a imprensa local.
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