Covid-19. Novas orientações da OMS incentivam uso de máscaras de tecido em espaços públicos

por RTP
Hannah Mckay - Reuters

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reformulou as orientações quanto ao uso de máscara, recomendando aos governos que solicitem a todas as pessoas que usem máscaras faciais de tecido em espaços públicos onde possa haver risco de transmissão da Covid-19.

Alguns países já recomendavam, ou exigiam mesmo, o uso de revestimento do rosto em público. Até agora, a OMS tinha sempre argumentado que não havia evidências suficientes para recomendar o uso de máscaras a pessoas saudáveis.

Mas as novas recomendações da OMS, divulgadas na sexta-feira, sugerem o uso de máscaras comunitárias, feitas com três camadas de tecido, em situações em que é difícil manter o distanciamento físico, como nos transportes públicos.

"As máscaras podem ser usadas tanto para a proteção de pessoas saudáveis (usadas para se proteger quando estão em contato com um indivíduo infetado), como para controlar a fonte (usadas por um indivíduo infeatado para impedir a transmissão)", esclarece a OMS.

De acordo com a OMS, as máscaras de tecido, para uso generalizado pela população, devem ter três camadas de materiais para funcionarem como "uma barreira", para impedirem que gotículas contaminadas infetem as pessoas.

O tecido exterior da máscara, o que está exposto ao ambiente, deve ser "tipo poliéster", enquanto o mais interior, o que está em contacto com a cara, de algodão, e o intermédio de polipropileno ou algodão, segundo as orientações publicadas no portal da organização.



O uso de máscaras de tecido é, então, recomendado para quando há "transmissão disseminada" da infeção e quando é difícil manter o distanciamento físico, como os "ambientes fechados", dando como exemplo, na videoconferência de imprensa, os transportes públicos.

Lojas, escolas, igrejas, mesquitas, locais de trabalho, campos de refugiados ou bairros de lata são exemplos igualmente referidos nas novas orientações publicadas e onde é aconselhado o uso de máscara comunitária, visto que o distanciamento físico é limitado.

Baseando-se em conclusões de estudos realizados nas últimas semanas, a OMS reforçou que as máscaras faciais são apenas uma forma de preteção, mas não a única, e que podem dar uma falsa sensação de segurança.

"As máscaras por si só não o protegem da Covid-19", lembrou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na conferência de sexta-feira.
Máscaras de tecido versus máscaras cirúrgicas

As orientações anteriores, divulgadas a 6 de abril, apenas indicavam o uso de máscaras cirúrgicas, restringindo-o a doentes ou suspeitos de infeção, profissionais de saúde e cuidadores. Na altura, a OMS considerou que "o amplo uso de máscaras por pessoas saudáveis na comunidade" estava rodeado de "incertezas e riscos", sendo que transmitia a falsa ideia de segurança.

Mas o diretor-geral da OMS afirmou, na sexta-feira, que as máscaras são "úteis" e fazem "parte de uma estratégia mais abrangente", que inclui o rastreio, o isolamento e o tratamento de doentes, assim como a quarentena de contactos próximos dos doentes.

Quanto às máscaras cirúrgicas, a organização continua a recomendar o uso por doentes ou suspeitos de infeção, profissionais de saúde e cuidadores, mas estende a utilização a pessoas em maior vulnerabilidade, como idosos e ou doentes crónicos, quando não é possível manter o devido distanciamento físico.

Pessoas com 60 ou mais anos e ou com outras doenças devem também usar máscara cirúrgica, em situações em que "não for possível manter o distanciamento físico", sublinhou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Para estes grupos de risco, as novas orientações publicadas pela OMS incluem as pessoas com doenças crónicas (diabetes, cancro, doenças cardiovasculares, respiratórias agudas e cerebrovasculares) e imunodeprimidas (que têm as defesas do organismo diminuídas).



Já os profissionais de saúde são obrigados a utilizar a máscara mesmo não esntando em contacto ou a tratar doentes com Covid-19 (por exemplo quando um médico visita unidades de cardiologia ou de cuidados intensivos de um hospital). Mas, caso os profissionais de saúde acompanhem doentes com covid-19, a máscara cirúrgica deve ser usada em complemento com outros equipamentos de proteção individual, como viseiras e luvas.

O uso de máscaras cirúrgicas "é necessário" nos procedimentos clínicos que geram a formação de aerossóis, esclarece ainda a organização.

As novas orientações da OMS pretendem, assim, incentivar todos os países e a comunidade "a adotarem políticas sobre o uso de máscaras no público em geral", de forma a prevenir e controlar a transmissão da Covid-19.


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