Covid-19. "Passaporte de vacinação" divide países europeus

por Cristina Sambado - RTP
Dado Ruvic - Reuters

Vários países europeus anunciaram o lançamento de um "passaporte" de vacinação contra a Covid-19, uma ideia que está a dividir opiniões. O anúncio surge numa altura em que, na União Europeia, pelo menos 18,3 milhões de doses de vacinas já foram administradas a cerca de 12,8 milhões de pessoas, o que representa 2,9 por cento da população do bloco.

A nível da União Europeia, estão em curso discussões entre os 27 Estados-membros sobre normas comuns para o reconhecimento mútuo dos certificados de vacinação.

Os países considerados como destinos turísticos são a favor da criação de um “passaporte” de vacinação europeu para facilitar as viagens na União Europeia.

A Grécia, que está ansiosa para salvar a indústria do turismo, apresentou a ideia à Comissão Europeia em janeiro e assinou um acordo com Israel, na passada segunda-feira, que permite que os respetivos cidadãos que forem vacinados viagem sem restrições nos dois países.

Espanha ainda não lançou um certificado, mas as autoridades também são favoráveis. Segundo a ministra espanhola das Relações Exteriores, Arancha Gonzalez Laya, o documento “pode ser um elemento muito importante para garantir o retorno à mobilidade em total segurança”.

Em Itália, o alto comissário do Governo que está a gerir a crise pandémica, Domenico Arcuri, considerou em meados de janeiro que este passaporte “não era uma má ideia” para “permitir o regresso mais rápido possível a uma atividade normal”.
Norte da Europa na frente
A Suécia e a Dinamarca, dois países do norte da Europa, anunciaram a introdução de certificados eletrónicos para viagens ao estrangeiro, que podem ser usados para assistir a eventos desportivos, culturais, ou no caso dinamarquês a restaurantes.

Já a Islândia, que não faz parte da União Europeia, mas pertence ao Espaço Schengen, começou, no final de janeiro, a emitir documentos digitais, que deveriam facilitar a circulação entre países.

Na Estónia, onde os passageiros estão isentos de quarentena se na chegada ao país apresentarem um comprovativo de vacinação, PCR ou teste sorológico, a empresa Guardtime lançou um projeto-piloto de certificação para viajantes, o VaccineGuard.

O país, pioneiro em novas tecnologias, está a trabalhar com a Organização Mundial da Saúde para desenvolver certificados de vacinação digital.

Se a OMS é favorável aos certificados de vacinação para monitorar campanhas nos países, é, no entanto, crítica à implementação de passaportes de vacinação como pré-requisito para viagens.
Muito cedo para outros
Em França, o Governo de Jean Castex está relutante com a ideia nesta fase. “Nem todos têm acesso à vacina e ainda não sabemos se impede a transmissão”, afirmou em janeiro o ministro da Saúde, Olivier Véran, que considera que o debate será possível “em poucos meses”.

Também as autoridades alemãs se opõem ao levantamento das restrições para a população vacinada. Porém, não excluem a essa possibilidade no setor privado. “Se o dono de um restaurante quiser fazer uma oferta destinada apenas a pessoas vacinadas, será difícil proibi-la na atual situação jurídica”, segundo a ministra da Justiça, Christine Lambrecht.

Na Bélgica, a questão de condicionar a participação em tal atividade à posse de um passaporte de vacinação também não se coloca. Quanto a viagens, o país aguarda o resultado das discussões a nível europeu e da Organização Mundial da Saúde.

Na Polónia, o Governo que não oferece atualmente esse certificado, lançou um aplicativo para telemóveis, que permite ao seu titular evitar a quarentena quando regressa ao país”.

Segundo uma contagem feita pela agência AFP a partir de fontes oficias às 11h00 desta quarta-feira, na União Europeia pelo menos 18,3 milhões de doses de vacinas já foram administradas a cerca de 12,8 milhões de pessoas, o que representa 2,9 por cento da população europeia.

Destes, pelo menos 5,5 milhões já receberam a segunda dose, ou seja 1,2 por cento da população europeia.
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