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Covid-19. Senegal pode ter testes rápidos e baratos no combate à pandemia

por RTP
Thilo Schmuelgen - Reuters

Começaram esta semana as avaliações a um teste de diagnóstico do novo coronavírus que pode ser realizado em casa e apresentar os resultados em menos de 10 minutos. Este testes podem custar cerca de um dólar e são uma das estratégias do Senegal para "achatar a curva" da pandemia do Covid-19.

A empresa britânica de tecnologia em saúde Mologic - empresa do criador dos testes de gravidez Clearblue -  terá criado um teste de anticorpos contra o coronavírus que demora apenas 10 minutos a mostrar um resultado e que custará cerca de um dólar. A empresa começou a enviar protótipos aos laboratórios para validação, esta semana.

A ideia é fabricar estes testes em parceria entre o Senegal e o Reino Unido e, se os testes de validação atenderem aos padrões regulamentares, poderão ser distribuídos em África já em junho.

"O nosso objetivo é fornecer testes ao continente africano", disse à Al Jazeera Amadou Sall, o diretor do Instituto Pasteur em Dakar.

Os testes de anticorpos visam esclarecer se as pessoas estiveram infetadas anteriormente, contrariamente aos testes de antigénios que comprovam se alguém tem a doença de Covid-19.

A empresa britânica garante que os testes de validação já começaram esta semana na Escola de Medicina Tropical de Liverpool e no hospital St. Georges, estando também os investigadores do Senegal a avaliar os protótipos.
Testes rápidos e acessíveis a todos
"Quando o Covid-19 chegou, sabíamos, desde o início, que a África seria desproporcionalmente afetada", disse Joe Fitchett, diretor médico da Mologic.

"Com um teste como esse, podemos detetar [o vírus] muito rapidamente em qualquer parte do continente e evitar a transmissão", acrescentou.

Fitchett explicou que, enquanto muitas empresas têm estado focadas no diagnóstico de vírus, o objetivo da Mologic era criar testes baratos e disponíveis para todos.

"Devem ser disponibilizados aos mais vulneráveis ​​e necessitados da sociedade, no Reino Unido ou noutro lugar", disse.

Para conseguir detetar o maior número possível de pessoas infetadas, Fitchett diz que o teste vai ser vendido a preço de custo - que é de aproximadamente um dolar - contando para isso com o apoio do governo do Reino Unido e da Fundação Bill e Melinda Gates.

"O objetivo é mantê-lo baixo", disse Fitchett, acrescentando que a empresa vai negociar com os fornecedores para manter o preço o mais baixo possível.
Estratégias antes da vacina

Ainda não há qualquer tratamento específico ou vacina para a doença respiratória altamente infecciosa provocada pelo novo coronavírus.

Até que uma vacina esteja pronta e dísponivel, todo o tipo de teste é visto como uma das estratégias mais importantes usadas para "achatar a curva" e abrandar a propagação do contágio.

Aliás, a recomendação é da Organização Mundial de Saúde que, quando anunciou que se tratava de uma pandemia, apelou a todos os países para que aumentassem a sua capacidade de realizar testes de diagnóstico: "testar, testar, testar", foi o que pediu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"A maneira mais eficaz de prevenir infeções e salvar vidas é romper as cadeias de transmissão. E para fazer isso, devemos testar e isolar", afirmou, na altura.

Atualmente, existem apenas 3.400 casos confirmados em 45 dos 54 países do continente africano. Mas os investigadores temem cenários semelhantes ao que se vive na Europa, neste momento.

Os Centros para Controlo e Prevenção de Doenças da África (CDC) alargaram significativamente as medidas e estratégias de prevenção nas últimas semanas, preparando laboratórios em 43 países. Além disso, o CDC também fornece mil kits de diagnóstico para qualquer país com suspeitas ou confirmações de casos.

"Em tempos como estes, é difícil para os governos africanos comprarem testes, mesmo que sejam mais baratos e económicos", disse à Al Jazeera Prashant Yadav, analista global do Center for Global Health.

Por isso, Yadav acredita que África deveria ter o seu próprio teste, sendo este um "divisor de águas".

Mas Fitchett acredita que a parceria da Mologic com o Instituto Pasteur em Dakar - que já trabalhou com vacinas contra febre amarela e dengue - pode acelerar o processo.

"A avaliação independente é muito crítica, e é por isso que estamos a trabalhar com os melhores laboratórios de todos os continentes", disse Fitchett. "Não é do nosso interesse enviar algo que não seja bom", garantiu.

A verdade é que as autoridades de saúde têm notado o aumento da distribuição de kits de testes falsos, enquanto as pessoas em todo o mundo procuram desesperadamente fazer um teste que escasseia.
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