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Covid-19. Subvariantes da Ómicron mais resistentes a anticorpos de vacinas

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

De acordo com novos estudos da Faculdade de Medicina de Harvard, as subvariantes BA.4 e BA.5 da Ómicron conseguem resistir aos anticorpos que as pessoas adquiriram com uma infeção pelo coronavírus ou que foram vacinadas contra a covid-19. A vacinação, contudo, ainda garante alguma proteção e evita doença grave. Os especialistas adiantam que as farmacêuticas estão já a trabalhar no sentido de adaptar as vacinas às novas variantes do SARS-CoV-2.

Os investigadores concluíram que os anticorpos neutralizantes, adquiridos numa infeção anterior ou através da vacinação, são menos eficazes contra as subvariantes da Ómicron, comparativamente à estirpe original do novo coronavírus.

“Nos últimos meses, surgiram várias linhagens da variante Ómicron (B.1.1.529) da síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2), com as subvariantes BA.1 e BA.2 a revelarem fuga substancial de anticorpos neutralizantes”, lê-se numa artigo científico publicado no New England Journal of Medicine.

Depois de uma investigação, com 27 indivíduos já vacinados com dose de reforço ou que tinham sido infetados há menos de seis meses pelo SARS-CoV-2, os dados revelaram que “as subvariantes BA.2.12.1, BA.4 e BA.5 escapam substancialmente de anticorpos neutralizantes induzidos por vacinação e infeção”.

Segundo o mesmo estudo, os anticorpos neutralizantes contra “a subvariante BA.4 ou BA.5 e (em menor grau) contra a subvariante BA.2.12.1 eram menores do que os contra as subvariantes BA.1 e BA.2, o que sugere que a variante Ómicron do SARS-CoV-2 continuou a evoluir com o aumento da resistência de neutralização”.
Surtos em populações com altos níveis de imunização
Em entrevista à CNN, o autor do artigo, Dan Barouch, referiu que foram observadas “reduções de até um terço nos níveis de anticorpos neutralizantes” contra estas duas subvariantes da Ómicron, comparativamente às estirpes BA.1 e BA.2.

“Os dados sugerem que estas novas subvariantes provavelmente serão capazes de provocar surtos de infeção mesmo em populações com altos níveis de imunidade, seja esta natural ou através da vacinação”,
afirmou Barouch, diretor do Centro de Investigação de Virologia e Vacinas de Harvard. “No entanto, a vacina ainda é capaz de fornecer proteção substancial contra sintomas graves”.

As descobertas recém-publicadas reforçam as conclusões de outras investigações de cientistas da Universidade de Columbia, que descobriram que as subvariantes BA.4 e BA.5 são mais propensas a resisitir de anticorpos de adultos totalmente vacinados em comparação com outras subvariantes da Ómicron. Os meus investigadores consideram estes resultados apontam para um risco maior de reinfecção, mesmo em pessoas que têm alguma imunidade contra o novo coronavírus.

Só nos EUA, as subvariantes BA.4 e BA.5 causaram cerca de 35 por cento das novas infecções por Covid-19 na semana passada, acima dos 29 por cento da semana anterior.

Estas novas estirpes, por terem a disseminação mais rápida até agora, devem tornar-se dominantes nos EUA, no Reino Unido e no resto da Europa nas próximas semanas, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.
Capacidade de novas mutações
No artigo do New England Journal of Medicine, entre os 27 participantes da investigação que receberam a dose de reforço da vacina da Pfizer/BioNTech, os níveis de anticorpos neutralizantes contra as novas subvariantes eram muito mais baixos do que aqueles contra a estirpe original do novo coronavírus.

“Estes dados sugerem que a covid-19 ainda tem a capacidade de sofrer novas mutações, resultando numa maior transmissibilidade e maior resistência aos anticorpos”,
disse Barouch. “À medida que as restrições da pandemia são minimizadas, é importante continuarmos vigilantes e a estudar as novas variantes”.

Noutro estudo, publicado pela revista Nature na semana passada, conluiu-se que a ómicron pode desenvolver mutações para evitar a imunidade adquirida por uma infeção anterior, o que sugere que as doses de reforço iniciais podem não alcançar proteção de amplo espectro contra novas subvariantes.

Wesley Long, patologista experimental do Houston Methodist Hospital, disse também à CNN que as pessoas devem estar conscientes de que podem adoecer novamente, mesmo que já tenham tido covid-19 antes.

Agora, as farmacêuticas produtoras de vacinas estão a tentar desenvolver e atualizar o imunizante contra variantes específicas para melhorar as respostas de anticorpos.

“As reinfecções serão inevitáveis ​​até que tenhamos novos imunizantes atualizados. Mas a boa notícia é que estamos numa situação muito melhor do que estávamos sem as vacinas”
, disse. “Esperamos que as proteções que temos em vigor levem principalmente a infeções leves”.
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