Covid-19. Variante Beta pode ser resistente às vacinas, alerta especialista

por Inês Moreira Santos - RTP
Diego Azubel - EPA

A Europa e os Estados Unidos enfrentam atualmente novos surtos da variante Delta, dominante na maioria dos países do Ocidente, mas a variante Beta já começa a gerar preocupação entre os especialistas. Identificada na África do Sul e a espalhar-se rapidamente em França, esta estirpe do SARS-CoV-2 parece ser mais resistente às vacinas existentes, alertou John Edmunds.

Na sexta-feira o Reino Unido argumentou que a variante Beta era um dos principais motivos para o Governo britânico manter a quarentena obrigatória para todos os que regressassem de França, mesmo que estivessem totalmente vacinados. No entanto, a variante Beta, também conhecida como estirpe sul-africana, representa apenas um pequeno número de casos no território francês.

Mas, agora, os especialistas começam a expressar preocupações quanto à resistência desta variante que se está a disseminar pela Europa. Segundo estudos britânicos e sul-africanos, a vacina AstraZeneca/Oxford contra a covid-19, que representa a maioria das vacinações no Reino Unido, pode ser menos eficaz contra a variante Beta.

Já em fevereiro, as autoridades da África do Sul suspenderam esta vacina, depois de vários testes clínicos mostrarem que não protegia contra doença leve ou moderada causada pela variante Beta.

O professor John Edmunds, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e membro do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências (Sage), afirmou à BBC, este sábado, que a variante representa uma "ameaça" para o Reino Unido, já que os dados sul-africanos revelam que esta pode "escapar da resposta do sistema imunitário gerada pela vacina AstraZeneca de forma mais eficiente".

Além disso, esta mutação continua a ser uma ameaça visto que é a principal responsável pelo aumento de contágios em França.
Menos contagiosa, mas mais resistente
Em entrevista à BBC Rádio4, John Edmunds admitiu que esta variante é menos contagiosa que a Delta, mas que parece apresentar uma maior quebra de eficácia nas vacinas disponíveis.

"A variante Beta continua a ser uma ameaça. É provavelmente menos infecciosa do que a variante Delta que está se a espalhar-se aqui no Reino Unido, neste momento. A vantagem é que é capaz de escapar mais eficzmente da resposta imunitária [da vacina]", afirmou.

"À medida que a população fica mais imunizada, as condições ficam favoráveis para que a variante Beta tenha uma vantagem", continuou Edmund.

De acordo com este especialista, cuja opinião é sustentada em vários estudos desenvolvidos, nomeadamente na África do Sul, já foi efetivamente comprovada uma menor eficácia da vacina da AstraZeneca perante a variante Beta.

"Das variantes que existem e são conhecidas, esta sempre foi uma ameaça para nós. Existem boas evidências na África do Sul de que consegue evitar a resposta imunológica gerada pela vacina AstraZeneca de forma mais eficiente".

A variante Beta foi detetada, pela primeira vez, na África do Sul no ano passado. Contudo, já está a circular em mais de 120 países.

Esta semana a AstraZeneca anunciou que está a estudar uma versão atualizada da vacina que promete mais proteção contra as variantes do coronavírus, principalmente a sul-africana.
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