Cozinheiro britânico condenado pela morte de quatro homens

O caso está a chocar o Reino Unido. O chef britânico drogava rapazes e violava-os já inconscientes. Morreram quatro, mas polícia tem mais suspeitas.

Catarina Marques Rodrigues - RTP /
Os corpos das vítimas foram enterrados por Stephen Port perto do cemitério da Igreja St Margaret's, em Londres. As mortes aconteceram entre junho de 2014 e setembro de 2015. Paul Hackett - REUTERS

Stephen Port era um cozinheiro reconhecido no meio. Hoje, está nas bocas do mundo não pelas habilidades como chef de cozinha, mas pelos crimes em série que cometeu. No total foram provados 22: quatro mortes, quatro violações, quatro tentativas de violação e 10 crimes de envenenamento.

O homem é considerado um assassino em série e um “perigoso” predador sexual. O cenário passava-se assim: Stephen conhecia os homens em sites e aplicaçãoes de encontros gay. Uma delas era o Grindr. Começava uma conversa com eles e convidava-os depois a encontrarem-se no seu apartamento.

As vítimas tinham uma coisa em comum: eram todos jovens, tinham todos menos de 30 anos. Anthony Walgate tinha 23 anos e era estudante de moda, Gabriel Kovari tinha 22 anos e era eslovaco, Daniel Whitworth tinha 21 anos e era chef de cozinha e Jack Taylor tinha 25 anos e era camionista.

Quando as vítimas já estavam consigo no apartamento, em Londres, Stephen envenava-os. Usava doses mortais de GHB, conhecida como “droga da violação”, que deixava os homens insconscientes. Aí, Stephen abusava sexualmente deles. Acabavam por morrer de overdose.


O caso estava entregue há vários meses à polícia, que admitia dificuldades em entender a ligação entre todos os crimes. Agora, tem traçado um retrato de Stephen Port: “É provavelmente um dos indivíduos mais perigosos que já conheci. É um voraz predador sexual que parece ter ficado obcecado com drogar rapazes vulneráveis com o único propósito de os violar”, explicou Tim Duffield, inspetor-chefe da polícia encarregue de investigar o caso, conta a BBC.

Stephen atribuiu três das mortes a um deles, conta a polícia: “Quando enterrou um deles, colocou-lhe uma nota de suicídio na mão dizendo que era o responsável pela morte dos outros"

Estão confirmadas quatro mortes atribuídas a Stephen, mas o número será ainda maior. O sistema registou 58 mortes em Londres nos últimos quatro anos ligadas à droga GHB, o que pode dar força à tese de que Stephen terá cometido mais crimes. A família de uma das vítimas admite processar a polícia por não ter sido mais eficaz na investigação, pois consideram que isso poderia ter evitado parte das mortes.

Os corpos foram encontrados perto do cemitério da Igreja St Margaret's, a 500 metros de sua casa.

O crime chocou o Reino Unido e mereceu longo destaque em vários órgãos de comunicação, como o Guardian, a BBC e a Sky News. Várias associações LGBTI também já se manifestaram revoltadas com o que consideram ser um "crime de ódio" contra a comunidade homossexual. Os fundamentos de Stephen ainda não são conhecidos, pelo que a polícia não admite para já que tenha sido um crime homofóbico.

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