Dezenas de milhares de crianças na Nigéria estão sem acesso à educação porque as autoridades continuam sem proteger as escolas dos ataques de insurgentes e outros grupos armados, especialmente no norte do país, denuncia a Amnistia Internacional.
A maioria das raparigas raptadas pelo Boko Haram escapou ou foram libertadas mais tarde, mas mais de 100 permanecem em cativeiro. Tem havido mais raptos em larga escala de crianças em idade escolar na Nigéria, onde centenas de crianças foram mortas, violadas, forçadas a "casamentos" ou obrigadas a juntar-se ao grupo armado.
"As autoridades nigerianas não conseguiram proteger os estudantes face aos recentes ataques às escolas, demonstrando claramente que nada aprenderam com a tragédia em Chibok", denuncia Osai Ojigho, diretora da Amnistia Internacional (AI) da Nigéria, citada no comunicado.
Segundo a ativista, "a única resposta das autoridades para proteger a população escolar, ameaçada por insurgentes e pistoleiros, é fechar escolas, colocando o direito à educação cada vez mais em risco".
"Entre dezembro de 2020 e março de 2021, houve relatos de pelo menos cinco casos de raptos no norte da Nigéria. A ameaça de novos ataques levou ao encerramento de cerca de 600 escolas na região. As medidas que as autoridades estão a tomar para controlar a situação não estão a funcionar", afirma ainda Osai Ojigho.
"Estes ataques a estudantes, professores e instalações mostram um total desrespeito pelo direito à vida e à educação por parte de bandidos e insurgentes, bem como pelas autoridades nigerianas, que não conseguem detê-los", sublinha o comunicado da AI.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que aproximadamente 10,5 milhões de crianças entre os 5 e os 14 anos de idade estão fora da escola na Nigéria.
Após o encerramento de escolas em todo o norte do país, os relatos de casamentos e de gravidez precoce entre raparigas em idade escolar têm aumentado.