Cristãos paquistaneses manifestam-se após mortífero atentado contra igreja

Peshawar, 23 setembro (Lusa) -- Milhares de cristãos manifestaram-se hoje no Paquistão um dia após o duplo atentado suicida contra uma igreja que provocou pelo menos 82 mortos, o ataque mais sangrento dirigido contra esta minoria num país de larga maioria de população muçulmana.

Lusa /

Os explosivos foram acionados por dois bombistas suicidas à saída da missa de domingo no pátio interior da igreja "Todos os Santos" em Peshawar, a principal cidade da província de Khyber Pakhtunkhwa (noroeste), num atentado reivindicado por uma fação dos talibãs paquistaneses.

O último balanço, hoje divulgado, indica 82 mortos, incluindo 37 mulheres, e mais de 100 feridos, disse à agência noticiosa AFP um médico do principal hospital da cidade.

Milhares de cristãos manifestaram-se nas principais cidades do país, incluindo Carachi, Faisalabad, Lahore e Peshawar, para exigir medidas de proteção e justiça. Na metrópole económica Carachi, confrontos entre cristãos e muçulmanos provocaram um morto.

As escolas cristãs vão permanecer encerradas durante três dias em protesto contra o mais sangrento atentado contra a comunidade cristã no Paquistão, um duplo atentado já reivindicado pela Junood ul-Hifsa, uma fação dos talibãs paquistaneses, que ameaçou prosseguir os ataques "contra estrangeiros e não muçulmanos se prosseguirem os ataques com drones (aviões não tripulados) ".

No entanto, o porta-voz oficial do TTP (o principal grupo de talibãs paquistaneses) desmentiu qualquer envolvimento no atentado, definido "como uma tentativa em sabotar a atmosfera para as negociações de paz com o governo".

O primeiro-ministro Nawaz Sharif, cujo governo propôs recentemente ao TTP o início de conversações de paz, condenou um atentado "contrário aos preceitos do islão".

O noroeste do Paquistão permanece um bastião de numerosos grupos rebeldes islamitas com alegadas ligações à Al-Qaida e responsáveis por numerosos atentados suicidas que já provocaram mais de 6.000 mortos desde 2007.

Os cristãos, que representam 2% da população do Paquistão, um país com 180 milhões de habitantes e mais de 95% de muçulmanos, são por vezes vítimas de violências, mas muito raramente alvo de atentados, habitualmente dirigidos contra as forças de segurança ou as minorias muçulmanas (xiitas, ahmadis), consideradas infiéis pelos extremistas sunitas talibãs.

Em Bruxelas, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, referiu hoje em comunicado estar "horrificada" e apelou a Islamabad para agir com firmeza para prevenir a repetição destes atentados.

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