Críticas ao setor agropecuário brasileiro são mais políticas que técnicas, diz responsável
O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti, afirmou hoje que o Brasil tem hoje uma das agriculturas mais sustentáveis do mundo, considerando que as críticas ao setor têm razões políticas e não técnicas.
Hoje, "o Brasil é realmente o país mais sustentável do mundo em termos de produção agropecuária", afirmou Celso Moretti, considerando que as acusações de destruição de ecossistemas e de abusos dos produtores correspondem a uma "crítica interna", que, "no Brasil é ideológica e política".
Falando à Lusa em Lisboa, à margem do Seminário "Agronegócio Sustentável no Brasil", Moretti afirmou que as queimadas são ilegais e são combatidas pelo Estado, recordando que "o Código Florestal [em vigor] é desmatamento zero".
Nos últimos anos, várias organizações não-governamentais têm acusado o setor agropecuário, de, com a conivência do Estado, estarem a destruir milhares de hectares de floresta para a criação de pastos.
Rejeitando estas acusações, Moretti recordou que os produtores agropecuários são os maiores promotores do Fórum do Futuro para a Amazónia, que visa repetir naquela zona o que foi feito na área do Cerrado (área de savana em Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins e Minas Gerais).
"Foi um sucesso lá", permitindo conciliar produção agrícola e a preservação de ecossistemas. Agora, o objetivo é replicar essa solução na Amazónia, com `start-ups` e uma série de "programas que buscam o desenvolvimento sustentável da Amazónia", com criação de emprego para quem vive na zona, de modo a que o desmatamento ou o garimpo ilegal deixem de ser tão atrativos.
"Nós temos 20 milhões de brasileiros da Amazónia, que têm uma baixa qualidade de vida" e o objetivo é, "através da ciência e tecnologia", criar "mais-valias agropecuárias", sem prejudicar o ecossistema, como é o caso do "cacau da castanha do açaí" ou a produção de borracha.
Na Amazónia, "temos já 400 empresas que poderíamos chamar de incubadoras de `start-ups` para melhorar o ambiente de inovação" na região, criando uma "zona de identificação geográfica".
"Se a Amazónia quer ser preservada é através da ciência e da tecnologia", afirmou Moretti, à margem da iniciativa em Lisboa, promovida pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado Federal e Câmara dos Deputados do Brasil, no âmbito da comemoração dos 25 anos da criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Nós temos menos de sete por cento da nossa área usada para agricultura de grãos num país de extensão continental. O nosso problema com a pobreza de quem vive na riqueza dessas áreas não se preocupar com a pobreza daqueles que moram lá", resumiu Celso Moretti.