Cuba "pronta a defender a revolução" face aos protestos de 15 de novembro - Presidente

O Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse na sexta-feira que os seus apoiantes estão "prontos para defender a revolução", face à manifestação planeada pela oposição para dia 15 de novembro, para exigir a libertação dos prisioneiros políticos.

Lusa /

Miguel Díaz-Canel disse que Cuba enfrenta "uma estratégia do império [Estados Unidos] para tentar destruir a revolução", mas afirmou que o país está preparado para a defender.

"Estamos serenos, seguros de nós próprios, mas atentos e vigilantes, e estamos também prontos para defender a revolução, para enfrentar qualquer ação de interferência contra o nosso país", disse o Presidente cubano, num discurso transmitido pela televisão, citado pela agência France-Presse (AFP).

"Somos uma revolução aberta ao diálogo, ao debate", acrescentou, "mas somos uma sociedade fechada à pressão, à chantagem e à interferência estrangeira".

A oposição anunciou há várias semanas a intenção de se manifestar em Havana e em seis províncias, para exigir a libertação dos presos políticos, mantendo o apelo para a marcha cívica, na próxima segunda-feira, apesar da proibição das autoridades, que acusam os organizadores de serem pagos pelos Estados Unidos para tentar derrubar o regime.

Na sexta-feira, a administração norte-americana exortou o governo cubano a permitir a marcha cívica e a evitar o uso de violência, ameaçando com novas sanções caso haja repressão sobre os manifestantes.

A subsecretária do gabinete para os assuntos do hemisfério ocidental, Emily Mendrala, disse que o governo liderado por Joe Biden está a "monitorizar ativamente" a situação política em Cuba e pronto para reagir.

A responsável lembrou ainda as sanções aplicadas pelos Estados Unidos após a repressão aos protestos de 11 de julho, os maiores registados em várias décadas, e rejeitou as acusações de destabilização e ingerência.

Na quinta-feira, Yunior Garcia, um dramaturgo de 39 anos, principal organizador da manifestação de 15 de novembro, anunciou a intenção de marchar sozinho no domingo numa avenida em Havana, em vez de na segunda-feira, como previsto no apelo à manifestação, para evitar qualquer violência.

Garcia denunciou ter sido ameaçado pela polícia com a prisão se levasse a cabo o projeto.

Os promotores da manifestação mantiveram no entanto o apelo para a realização do evento, no dia 15 de novembro.

O apelo a participar no protesto ocorre num cenário de profunda crise económica, quatro meses após as históricas manifestações antigovernamentais de 11 de julho, quando milhares de cubanos saíram às ruas gritando "Liberdade" ou "Estamos com fome".

Essas manifestações resultaram numa morte, dezenas de feridos e na detenção de 1.175 pessoas, 612 das quais continuam presas, de acordo com a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos Cubalex.

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