Declínio demográfico recorde tornou-se ameaça à estabilidade de Estónia, Letónia e Lituânia

Tallinn, 08 Set (Lusa) -- As três repúblicas bálticas perderam 15 por cento da população entre 1990 e 2010, cerca de 1,5 milhões de habitantes, a redução mais acentuada em toda a Europa, alerta o Relatório de Desenvolvimento Humano da Estónia, esta semana publicado.

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"A população europeia irá aumentar gradualmente, enquanto a população dos estados bálticos diminuirá. No longo prazo, o declínio populacional na Letónia e na Lituânia será o mais abrupto de toda a Europa", prevê o documento.

A Estónia tem hoje 1,34 milhões de habitantes, na Letónia vivem 2,16 milhões de pessoas e a Lituânia, a mais meridional e maior das três repúblicas, conta uma população de 3,05 milhões.

Segundo a professora Marju Lauritstin, editora do relatório, as taxas de natalidade em queda e o surto emigratório são as principais causas para a crise demográfica. Esta "sangria" verifica-se nos grupos etários mais jovens, especialmente na Letónia.

"É um desafio para muitos sectores, incluindo os serviços públicos como a educação, o sistema de saúde, a administração pública local, etc. A Estónia, o país mais pequeno, será afetada por este declínio global e o seus serviços públicos já funcionam com capacidade limitada."

As estatísticas estónias de 2010 registaram um aumento na taxa de emigração de 14 por cento por comparação com 2009, sobretudo para a Finlândia e Reino Unido. Este movimento demográfico foi acompanhado pela chegada de menos imigrantes ao país: 2810 em 2010 contra 3880 em 2009.

Da mesma forma, as autoridades letãs constataram em Julho que no seu país viviam menos 13,8 mil pessoas desde o início do ano, uma descida de 0,57 por cento em apenas seis meses. A redução populacional acentuou-se com a crise económica de 2009, quando o PIB letão caiu mais de 18 por cento.

Em 2010, a redução da população na Letónia foi a maior desde 1998, tendo encolhido 0,83 por cento.

No entanto, a hemorragia demográfica da Lituânia é a mais expressiva em termos absolutos. Um censo conduzido entre março e maio deste ano constatou que a população do país tinha contraíra mais do que se esperava: 10 por cento entre 2001 e 2011.

Há 20 anos, quando a Lituânia alcançou a independência da URSS, a população oficial da república era de 3,7 milhões de pessoas. Hoje é possível encontrar fortes comunidades lituanas em países como a Irlanda ou Reino Unido.

O Relatório de Desenvolvimento Humano chama a atenção para as vulnerabilidades demográficas na Estónia e na vizinha Letónia, que registam os maiores índices de estrangeiros ou não-nacionais residentes de toda a União Europeia, 16 e 18 por cento do total, respetivamente.

Ao contrário da Lituânia, onde a minoria mais expressiva é polaca, a Estónia e a Letónia foram fortemente russificadas após a sua anexação pela URSS, em 1940.

Se a população russófona nestas duas repúblicas era de aproximadamente 10 por cento em 1940, esse número quadruplicaria até ao desmoronamento da União Soviética, em 1991.

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