Defesa junta-se ao MNE nos esforços de retirada de portugueses do Sudão

por Lusa
Defesa junta-se ao MNE nos esforços de retirada de portugueses do Sudão Reuters

O Ministério da Defesa juntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros nos esforços para a retirada dos portugueses retidos no Sudão, tendo a diplomacia portuguesa contactado "todos os cidadãos nacionais conhecidos" anunciou hoje o Governo em comunicado.

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Defesa Nacional estão a trabalhar em articulação, juntamente com outros países aliados, com vista à retirada, em segurança, dos cidadãos nacionais que se encontram no Sudão. Foram já contactados todos os cidadãos nacionais conhecidos no Sudão, e as diferentes situações estão a ser acompanhadas", adiantou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado hoje divulgado.

Na sexta-feira o MNE já tinha adiantado à Lusa estar a a acompanhar "em permanência" os portugueses que estão retidos em Cartum desde o início do conflito e a estudar "todas as possibilidades" para a sua retirada.

"Este acompanhamento está a ser feito pela Embaixada de Portugal no Cairo, pelo cônsul honorário de Portugal em Cartum e pelas estruturas de emergência consular do MNE [Ministério dos Negócios Estrangeiros]", destacou fonte do gabinete do ministério liderado por João Gomes Cravinho.

Vários países iniciaram hoje operações de retirada dos seus nacionais de território sudanês, assolado por confrontos entre fações militares rivais.

Seis aviões do exército espanhol voaram para Djibuti para retirar cerca de 80 pessoas, entre espanhóis, europeus e sul-americanos e "aguardam um espaço seguro para pousar e iniciar a operação", segundo informações de fontes diplomáticas espanholas à agência EFE.

As autoridades líbias concluíram hoje a retirada, por mar, de quase uma centena de cidadãos retidos no Sudão devido aos confrontos da última semana, que já provocaram pelo menos 400 mortos e mais de 3.500 feridos.

O embaixador da Líbia em Cartum, Fawzi Boumrez, anunciou no sábado a retirada de 83 cidadãos e suas famílias através de Port Sudan (nordeste), localizado a 600 quilómetros da capital e às margens do Mar Vermelho, de onde serão transferidos para a cidade saudita Jeddah antes de retornar ao seu país.

A Itália anunciou que pode ocorrer ainda hoje o repatriamento de 140 cidadãos. Segundo o chanceler italiano, Antonio Tajani, "foram contatados durante a noite, estão todos bem e foram convidados dirigirem-se à embaixada em Cartum", de onde será tentada a retirada.

O governo britânico informou hoje que retirará o pessoal diplomático do Sudão "o mais rápido possível" e aconselhou os britânicos retidos naquele paíss a comunicar a sua presença ao Ministério das Relações Exteriores e a permanecer em local seguro.

O ministro dos Negócios estrangeiros de França anunciou uma "operação de retirada rápida" de cidadãos franceses e pessoal diplomático, em que poderão ser apoiados outros cidadãos europeus e nacionais de "países parceiros aliados".

A embaixada da Turquia no Sudão disse que o processo de retirada dos seus cidadãos também arranca hoje, tendo em conta a situação caótica que se vive atualmente na capital, Cartum, e ao retomar dos confrontos.

No sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que estava concluída a retirada dos funcionários da embaixada norte-americana no Sudão, noticiou agência de notícias Associated Press (AP).

Sauditas e cidadãos de outros países retirados do Sudão chegaram também este sábado a Jeddah, cidade portuária da Arábia Saudita, no dia em que o chefe do exército admitiu não controlar o aeroporto internacional de Cartum, comprometendo operações de retirada.

Segundo a mais recente contagem da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 413 civis morreram e 3.551 ficaram feridos desde o início do conflito no Sudão.

Os confrontos começaram há uma semana entre as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares do das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), chefiados pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como "Hemedti".

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