Departamento de Estado impede Biden de aceder a mensagens de líderes estrangeiros
O atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está a impedir Joe Biden de aceder a dezenas de mensagens de líderes estrangeiros endereçadas ao Presidente-eleito. Por tradição, o Departamento de Estado apoia as comunicações do sucessor, mas este ano Donald Trump continua a não conceder a derrota. Entretanto, numa fase de transição ainda incerta, Joe Biden já nomeou o antigo responsável pelo combate ao Ébola durante a Administração Obama como futuro chefe de Gabinete.
Para já, a equipa de Joe Biden está em contacto com líderes estrangeiros sem envolvimento do Departamento de Estado. O Presidente-eleito já falou com vários líderes mundiais como Angela Merkel ou Justin Trudeau, mas sem o apoio logístico e de tradução que são normalmente facultados pela Administração que ainda governa.
Um funcionário do Departamento de Estado ouvido pela CNN refere mesmo que a equipa de Joe Biden está a lidar com o desafio inesperado de facilitar essas ligações, uma vez que a atual Administração está a impedir a receção de mensagens mas também qualquer assistência para preparar futuras ligações.
Ainda na terça-feira, o próprio responsável máximo pelo Departamento de Estado, o secretário de Estado Mike Pompeo, recusava-se a reconhecer a vitória de Joe Biden, afirmando que haverá “uma transição pacífica para um segundo mandato de Trump”.
Ao perceberem que o Departamento de Estado não está a contactar com o Presidente-eleito e respetiva equipa, alguns líderes estrangeiros procuraram antigos diplomatas da era Obama para felicitar a equipa de Joe Biden, avança a CNN.
Nos últimos dias, as chamadas e contactos de líderes estrangeiros com Joe Biden têm sido sobretudo de felicitação, pelo que não é obrigatório que sejam realizadas através de linhas seguras. No entanto, mesmo estas chamadas passam geralmente por um centro de operações que mantém o registo sobre que contactos foram recebidos ou efetuados.
Até ao momento, a equipa de Joe Biden está igualmente impedida de receber os mesmos briefings de intelligence que são enviados ao Presidente. Se Donald Trump continuar a bloquear a passagem de informação própria de uma transição típica até à tomada de posse, a 20 de janeiro, a nova Administração poderá ter dificuldades em acompanhar os desenvolvimentos nos primeiros dias de trabalho.
Biden já tem chefe de Gabinete
Enquanto a atual liderança na Casa Branca continua sem reconhecer a vitória de Joe Biden nas presidenciais, o Presidente-eleito Joe Biden começa a construir a equipa que o vai acompanhar nos próximos quatro anos e a primeira confirmação é a de Ron Klain como chefe de Gabinete.
Ron Klain e vice-presidente Joe Biden durante uma reunião sobre a resposta à crise do Ébola, em 2014. Foto: Larry Downing - Reuters
Klain foi o responsável da crise do Ébola durante a Administração Obama, em que Joe Biden foi vice-presidente, e tem sido muito crítico de Donald Trump na resposta à pandemia. Ao anunciar a decisão, Joe Biden destacou os vários anos de trabalho conjunto. “O Ron tem sido inestimável para mim ao longo de tantos anos em que trabalhámos juntos, incluindo quando resgatamos a economia norte-americana de uma das piores recessões da história, em 2009, e depois quando superámos uma emergência de saúde pública assustadora, em 2014”, frisou.
“A experiência profunda e variada que tem em trabalhar com pessoas de todo o espectro político é precisamente o que preciso de um chefe de Gabinete da Casa Branca, numa altura em que enfrentamos este momento de crise e tentamos unir este país de novo”, acrescentou Joe Biden.