Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

Deputados em Hong Kong interrompem debate sobre hino chinês com protesto por Tiananmen

por Lusa
Tyrone Siu, Reuters (Arquivo)

A sessão parlamentar do Conselho Legislativo de Hong Kong foi hoje interrompida, durante a discussão de um diploma controverso sobre o hino chinês, por protestos de deputados pró-democracia, no dia em que se assinala o aniversário de Tiananmen.

Mostrando um cartaz com a frase "Um regime assassino fede durante dez mil anos", o deputado Ray Chan derramou um líquido pungente que levava escondido numa lanterna chinesa, acabando por ser expulso da sessão, tal como outro deputado que o acompanhou.

A sessão legislativa, entretanto retomada, coincide com o 31.º aniversário da repressão sangrenta da China aos protestos pró-democracia na Praça Tiananmen, em Pequim.

Antes do início do debate, os legisladores pró-democracia permaneceram em silêncio para assinalar o aniversário, com cartazes onde se podia ler a mensagem "Não se esqueçam do 04 de Junho, o coração do povo não vai morrer".

A Polícia de Hong Kong proibiu a vigília em memória do massacre de Tiananmen, considerando que esta violaria as medidas de prevenção da covid-19, tal como aconteceu em Macau. Hong Kong e Macau são os únicos locais na China onde têm sido autorizadas manifestações sobre o massacre de Tiananmen, um acontecimento que continua a não ser reconhecido por Pequim.

Os deputados pró-democracia consideram que o projeto de lei atualmente em discussão no Conselho Legislativo, que visa criminalizar insultos ao hino nacional chinês, viola a liberdade de expressão.

A maioria pró-Pequim defende que a lei é necessária para que os cidadãos de Hong Kong demonstrem respeito pelo hino, a "Marcha dos Voluntários". A ser aprovada, os culpados de abuso intencional enfrentariam até três anos de prisão e multas até 50 mil dólares de Hong Kong (5.756 euros).

As pressões de Pequim para que Hong Kong aprove a lei do hino chinês começaram depois de adeptos de futebol de Hong Kong terem vaiado a "Marcha dos Voluntários" em jogos internacionais, em 2015.

Mais recentemente, durante os protestos antigovernamentais iniciados por uma proposta de lei que permitiria a extradição para a China, no ano passado, milhares de adeptos vaiaram o hino e viraram as costas, durante um jogo das eliminatórias do Campeonato do Mundo contra o Irão. A FIFA multou a Associação de Futebol de Hong Kong por causa do incidente.

Os opositores ao projeto de lei consideram-no como um sinal do reforço do controlo de Pequim sobre o território.

A proposta surge num momento de tensão na cidade semi-autónoma, após a China ter aprovado, na semana passada, uma lei de segurança nacional que poderá limitar as liberdades em Hong Kong quando for promulgada no território.

Hong Kong e Macau foram as últimas parcelas do território da China sob administração estrangeira.

A transferência da administração de Macau ocorreu no final de 1999, pouco mais de dois anos depois de a China ter recuperado a soberania sobre a antiga colónia britânica de Hong Kong.

Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio "Um País, Dois Sistemas", que lhes permitiu manterem o sistema capitalista e o seu modo de vida, incluindo direitos e liberdades de que gozavam as respetivas populações.

As duas regiões têm autonomia em todas as áreas, exceto na diplomacia e na defesa.

Tópicos
pub