Derrota do governo na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados

A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados do candidato independente Severino Cavalcanti, do Partido Progressista (PP), marcou hoje a maior derrota do governo do presidente Lula da Silva no Congresso Nacional.

Agência LUSA /

Severino Cavalcanti vai substituir João Paulo Cunha, do Partido dos Trabalhadores (PT), e vai liderar 512 deputados no biénio 2005-2006, 17 mil funcionários e um orçamento anual de 2,3 mil milhões de reais (682 milhões de euros).

Será também dele a responsabilidade de definir as votações na Câmara dos Deputados e substituir o presidente da República na sua ausência e do seu vice.

Foi a primeira vez na história do Congresso brasileiro que o maior partido da Câmara não elegeu o seu presidente.

A maior bancada é actualmente do PT do presidente Lula da Silva, que tem 91 dos 513 deputados federais.

Foi igualmente a primeira vez que um candidato independente, que não contou com o apoio de seu próprio partido, o PP, foi eleito para o cargo.

O PP, formação conservadora do ex-presidente da Câmara de São Paulo, Paulo Maluf, representa actualmente o sector do agronegócio no Congresso brasileiro.

A eleição de Severino Cavalcanti, 74 anos, que prometeu em sua campanha elevar os salários e aumentar o mandato dos seus colegas congressistas, foi possível devido a uma divisão dentro do próprio PT.

O PT disputou o cargo com dois candidatos - um oficial, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, apoiado pelo Palácio do Planalto, e outro dissidente, o deputado Virgílio Guimarães.

Cinco candidatos no total concorreram ao cargo e a votação, que pela primeira vez teve segunda volta, só terminou hoje de madrugada.

O novo presidente da Câmara foi eleito por 300 dos 498 deputados presentes.

Severino Cavalcanti é pernambucano e tem 40 anos de vida pública. Foi presidente da Câmara de João Alfredo, em Pernambuco (1964- 1966), deputado estadual e deputado federal.

Ao contrário da Câmara, onde a disputa pela presidência da Casa foi renhida, o novo presidente do Senado e também presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, foi aclamado esta segunda-feira como candidato único.

Assim como seu antecessor, José Sarney, o senador de Alagoas Renan Calheiros também é do Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

O PMDB, que fez parte da base de sustentação do antigo governo de Fernando Henrique Cardoso, integra hoje a coligação que apoia o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Renan Calheiros foi ministro da Justiça do governo anterior, líder de governo na Câmara dos Deputados durante a administração do ex- presidente Fernando Collor de Melo e secretário de Educação do Estado de Alagoas, no Nordeste.

Os novos presidentes do Senado e da Câmara reabrem hoje os trabalhos legislativos no Brasil.

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