Derrota para Jeff Bezos. Trabalhadores da Amazon conseguem criar sindicato

Na passada sexta feira, 1 de abril, 2.654 trabalhadores da filial da Amazon em Nova Iorque votaram "sim" em referendo sobre a criação de um sindicato. Todas as anteriores tentativas tinham sido chumbadas. O precedente está aberto na multinacional que sempre conseguira impedir a organização sindical.

RTP /
Reuters

O sindicato, com o nome ALU (Amazon Labor Union), tinha sido criado há cerca de um ano, mas a sua legalização dependia da votação que obtivesse no referendo agora realizado. Houve ainda 2.131 trabalhadores a votarem "não", mas o anúncio de uma maioria de 2.654 foi recebido com um aplauso entusiástico dos trabalhadores reunidos para ouvirem os resultados.

Os cadernos eleitorais da filial incluíam 8.325 trabalhadores, que puderam votar ao longo de cinco dias, de 25 a 30 de março. A participação na votação presencial foi de 4.852 votantes.

O presidente do sindicato, Christian Smalls, declarou, segundo citação da Agência France Press: "Hoje, as pessoas pronunciaram-se, elas querem um sindicato". E acrescentou um agradecimento irónico à visita que o presidente da multinacional, Jeff Bezos, fez às instalações da filial no próprio dia da votação: "Enquanto ele esteve lá em cima, nós conseguimos criar um sindicato".

O advogado do ALU, Eric Milner, considerou que se tratara de "um dia histórico" e ponderou que "isto pode desencadear uma reacção em cadeia, de uma filial para a outra". E a reacção em cadeia poderá começar já do lado oposto da rua, no centro de triagem LDJ5, também da Amazon, que também irão votar de 25 a 29 de abril sobre a presença do mesmo ALU na empresa. 

A Amazon reagiu ao resultado do referendo anunciando a sua "decepção" e insinuando a possiblidade de alguma iniciativa judicial para impugnar a criação do sindicato, com base na "influência inapropriada" que atribui à autoridade norte-americana para as condições de trabalho, NLRB. O presidente norte-americano, Joe Biden, pelo contrário, e mandou dizer à sua porta-voz, Jen Psaki, que estava "feliz por os assalariados conseguirem garantir que serão ouvidos nas decisões importantes".
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