Descoberta no Chile vala comum com vítimas da ditadura de Pinochet

Uma vala comum com restos mortais de vítimas da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990) foi descoberta no enclave alemão de Colónia Dignidad criado no sul do Chile por antigos nazis, anunciaram hoje fontes judiciais.

Agência LUSA /

O juiz Jorge Zepeda, a investigar uma dezena de delitos cometidos no controverso enclave, declarou aos jornalistas que prisioneiros políticos morreram durante a ditadura em Colónia Dignidad, de onde os seus cadáveres, jamais encontrados, foram exumados em 1978.

"Entre 1973 e 1974 ocorreram execuções sumárias e uma parte dos prisioneiros foi enterrada no local", precisou o magistrado, incumbido desde Março de 2005 de investigar violações dos direitos humanos no enclave também conhecido por Villa Baviera.

Presentemente, 300 colonos alemães e os seus descendentes vivem no enclave, com uma área de 13.000 hectares, criado em 1961 pelo antigo militar nazi Paul Schaefer numa região montanhosa a leste de Parral, a 350 quilómetros a sul de Santiago.

Alguns responsáveis do enclave foram inquiridos pela justiça chilena sobre a tortura e desaparecimento de opositores ao regime de Pinochet.

Schaefer, 84 anos, acusado de graves abusos sexuais sobre mais de duas dezenas de menores, foi detido em Março de 2005 na Argentina, ao cabo de oito anos de fuga.

A semana passada, Schaefer, juntamente com a directora do hospital de Colónia Dignidad, foram considerados culpados - pelo juiz Zepeda - de terem torturado oito crianças.

Gisela Seewald, 75 anos, directora daquele hospital, admitiu ter aplicado choques eléctricos e administrado sedativos a menores que recusavam submeter-se às ordens da hierarquia do enclave, nomeadamente às fantasias sexuais de Schaefer.


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