Descoberta nova espécie de mamífero, o Olinguito

por Graça Andrade Ramos, RTP
O Olinguito (Bassaricyon neblina) é o primeiro mamífero da ordem Carnívora descoberto no hemisfério norte em 35 anos Marc Gurney/ZooKey

Pela primeira vez em 35 anos, a comunidade científica anunciou a descoberta de uma nova espécie de mamífero, um animal de pequeno porte, omnívoro, que vive nas árvores. O facto do animal, o Olinguito (Bassaricyon neblina), além de viver nas árvores, ser nocturno, poderá ter dificultado a sua identificação e provocado a confusão com um "primo", o Olingo, que durou mais de 100 anos.

A descoberta foi anunciada na revista ZooKey. Os cientistas descrevem o Olinguito como um cruzamento entre um gato doméstico e um ursinho de peluche.

Os animais adultos pesam cerca de um quilo e são do tamanho de um Guaxinim, com o qual são aparentados. Saltam de ramo em ramo nas florestas húmidas do Equador e da Colômbia, de acordo com o cientista do Instituto Smithsonian que os estuda há uma década, Kristofer Helgen.

Helgen revela mesmo que o Olinguito não deveria ter sido tão difícil de descobrir, já que uma fêmea da espécie viveu durante vários anos no zoológico de Washington, administrado pelo Smithsonian.

Exibido no último século em vários zoos, o Olinguito foi sempre mal identificado

"De certo modo, estava escondido à vista de todos" refere Helgen. Mais do que escondida, a Olinguito, que se chamava Ringerl, estava mal identificada. Pensavam que se tratava de um Olingo e durante anos, entre 1967 e 1976, houve várias tentativas de a acasalar com Olingos, em vários zoológicos americanos. Naturalmente, sabe-se agora, foram sempre infrutíferas.

"Afinal não, ela não era esquisita. Só não pertencia à espécie certa" afirma Helgen.

O cientista americano percebeu a diferença quando estudou peles e esqueletos no museu. Em 2006 liderou a primeira expedição para identificar e estudar a espécie.

"Quando lá chegamos encontramos um logo na primeira noite" lembra o co-autor da descoberta, Roland Kays, do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte. "Quase como se estivesse só à nossa espera."

Os cientistas nem percebem como pode ter havido confusão entre Olingos e Olinguitos. "Em que é que diferem? Em quase tudo o que se pode ver deles" diz Helgen.

Os Olinguitos são mais pequenos, têm caudas mais pequenas, um focinho mais redondo, orelhas mais pequenas e pelo castanho mais escuro e abundante.

Os cientistas consideram os Olinguitos "adoráveis"

São também os membros mais pequenos da família dos procionídeos onde se inclui o Guaxinim (ou Rato lavadeiro), um animal omnívoro e também nocturno, os Koatis e os Kinkajous.

"Parecem uma espécie de bola de pêlo... Como uma espécie de cruzamento entre um ursinho de peluche e um gato doméstico" descreve Helgen, que os considera "adoráveis".

Além de terem hábitos noturnos e viverem entre as árvores, os Olinguitos pertencem à Ordem dos Carnívoros e pesam cerca de um quilo. Têm um filhote de cada vez, que amamentam. Helgen acredita que existam milhares.

Novas espécies são descobertas periodicamente na Terra mas são normalmente minúsculas e não mamíferos. Este é o primeiro elemento da Ordem dos Carnívoros em 35 anos a ser identificado como nova espécie.
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