Desinformação sobre soluções é o maior inimigo da ação climática

Atualmente, mais do que negar as alterações climáticas, a desinformação concentra-se em desacreditar as soluções que são propostas. Este é o principal alerta do Painel Internacional sobre o Ambiente da Informação (IPIE), uma organização científica global e independente.

Cristina Santos - RTP /
João Junça - RTP

No mais recente relatório deste painel de cientistas, lê-se que "o negacionismo evoluiu para o ceticismo estratégico”. Ou seja, “"as campanhas (de desinformação) agora concentram-se menos em negar as mudanças climáticas e mais em desacreditar os custos ou a justiça das soluções propostas”.
Após a última avaliação sobre a integridade da informação sobre ciência do clima, o IPIE considera que a disseminação global de desinformação tem um objetivo: minar a confiança pública e a vontade política.

Por isso, alerta o relatório, os principais alvos são "líderes, políticos, funcionários públicos e agências reguladoras”

Tudo para garantir que a desinformação atrase “a política climática". As principais ferramentas para espalhar o que é mentira são os bots (contas automatizadas) e os trolls (contas online associadas a pessoas que intencionalmente propagam desinformação).

"Atores automatizados e coordenados desempenham um papel central na promoção de narrativas enganadoras", refere a organização científica global e independente. Os últimos relatórios citados pela organização evidenciam que as "empresas de combustíveis fósseis, alinhadas com interesses políticos passaram da negação total para campanhas mais sofisticadas que semeiam dúvidas sobre soluções climáticas".

As comunidades marginalizadas e sub-representadas são os grupos considerados pelo Painel Internacional sobre o Ambiente da Informação (IPIE) como os mais vulneráveis à desinformação.

O presidente do painel científico, Klaus Bruhn Jensen, não tem dúvidas que o mundo vive "um ambiente de informação que foi deliberadamente distorcido".

"Quando corporações, governos e plataformas de media obscurecem as realidades climáticas, o resultado é a paralisia. Enfrentar a emergência climática exige não apenas uma reforma política, mas um acerto de contas inabalável com sistemas que espalham e sustentam falsidades", afirma Klaus Bruhn Jensen no relatório.

"Sem enfrentar a desinformação, o progresso permanecerá estagnado", lê-se no documento.

O IPIE é uma organização científica independente e global que fornece conhecimento científico sobre a saúde do ambiente da informação mundial.

c/ Lusa
Tópicos
PUB