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Destruição do arsenal químico sírio é a "operação mais difícil da história" da ONU
A Itália disponibilizou-se para auxiliar o esforço internacional de destruição das armas químicas da Síria e escolheu o porto de Gioia Tauro, na Calábria, para o local da trasfega do arsenal. As Nações Unidas estão contudo a ser criticadas pela lentidão do processo já que, na sua maior parte, as armas ainda não saíram da Síria.
O diretor da Organização para a Interdição de Armas Químicas (OIAC) e responsável pela remoção do arsenal sírio, Ahmet Uzumcu, disse em Roma que a quantidade diminuta de armas até agora retiradas da Síria se explica por imperativos de segurança e questões técnicas, além das óbvias dificuldades de operar numa zona de guerra.
Garantiu ainda que a OIAC está a adotar novas medidas para fazer face aos problemas.
"Temos encontros com as autoridades sírias para acelerar o processo" revelou Ahmet Uzumcu, sublinhando que "a Síria autorizou a visita a todos os locais de armazenamento num mês."
A "operação mais difícil da história"
O atraso da operação deveu-se também à exigência de Damasco de que o transporte das armas se fizesse em camiões blindados e à necessidade de negociar "tréguas temporárias" em vários locais para deixar passar o comboio dos camiões que transportam os agentes químicos. Uzumcu afirma que tudo está a ser feito para minimizar os "riscos" consideráveis, "tanto para o ambiente como para os seres humanos". Esta é uma "operação cheia de desafios para nós, para a ONU, a mais difícil da história" acrescentou o diretor-geral da OIAC.
O Governo de Damasco aceitou desfazer-se das suas armas químicas após denúncias de que estas haviam sido usadas por ambos os lados do conflito sírio numa dezena de ataques.
No início de setembro de 2013, uma proposta russa feita durante uma conferência de imprensa ao governo norte-americano foi bem acolhida tanto por Washington como por Damasco e a operação de recolha e destruição dos arsenais começou a ser planeada.
O arsenal químico sírio deverá ter abandonado o país até o fim de março e a sua neutralização deverá ser feita até finais de junho de 2014 numa operação complexa que envolve consideráveis esforços internacionais.
Um pesadelo logístico
Um primeiro carregamento de 16 toneladas de armas químicas foi já colocado a bordo de um navio dinamarquês no porto sírio de Latakia a sete de janeiro de 2014. O navio aguarda agora o resto da carga, em águas internacionais.
São estas a principais etapas do processo de transporte e neutralização dos componentes potencialmente mais perigosos. Alguns dos agentes químicos podem servir para fabricar gás mostarda ou gás de nervos sarin ou VX e por isso não serão guardados no solo mas destruídos em alto mar.
1 - As autoridades sírias são responsáveis pelo acondicionamento e pelo transporte dos arsenais desde 12 localidades até ao seu porto de Latakia. A Rússia fornece contentores de grande capacidade e camiões blindados, tendo os Estados Unidos contribuído com bidões e localizadores GPS.
2 - No porto de Latakia, a Rússia garante a segurança para o carregamento, efetuado através de equipamento de carga, transporte e descontaminação norte-americano. A operação tem o apoio de 10 ambulâncias e equipamento de vigilância enviados pela China e de uma equipa dinamarquesa de emergência para o caso de acidentes.
3 - As armas serão transportadas para Itália por navios dinamarqueses e noruegueses, que fornecem igualmente a escolta militar, tal como a China e a Rússia. Este carregamento refere-se a 500 toneladas (60 contentores).
4 - Nos primeiros dias de fevereiro deverão ser transferidas para o navio militar norte-americano MV Cape Ray. A operação de transbordo deverá durar 48 horas e nenhum dos contentores irá a terra, garantem as autoridades italianas.
5 - O MV Cape Ray deverá destruir as armas em águas internacionais através de hidrólise. Um processo que pode durar de 45 a 90 dias, de acordo com as autoridades norte-americanas.
Destino final dos resíduos
Apesar da operação de neutralização dos agentes químicos estar prevista para águas internacionais, provavelmente no Mediterrâneo, o local preciso não foi divulgado nem o destino dos componentes neutralizados. A Alemanha ofereceu-se para eliminar 370 toneladas destes resíduos.
A Grã-Bretanha aceitou por seu lado receber e destruir 150 toneladas de componentes químicos sírios, tendo confirmado hoje a sua escolha do grupo francês Veolia Environment para realizar a operação, num incinerador da empresa, Ellesmere Port, perto de Liverpool, Reino Unido.
O gigante da gestão de resíduos explicou que, o que vai ser destruído são produtos químicos industriais, "precursores B," que só servem para o fabrico de agentes neuro-tóxicos se forem misturados com "precursores A."
Garantiu ainda que a OIAC está a adotar novas medidas para fazer face aos problemas.
"Temos encontros com as autoridades sírias para acelerar o processo" revelou Ahmet Uzumcu, sublinhando que "a Síria autorizou a visita a todos os locais de armazenamento num mês."
A "operação mais difícil da história"
O atraso da operação deveu-se também à exigência de Damasco de que o transporte das armas se fizesse em camiões blindados e à necessidade de negociar "tréguas temporárias" em vários locais para deixar passar o comboio dos camiões que transportam os agentes químicos. Uzumcu afirma que tudo está a ser feito para minimizar os "riscos" consideráveis, "tanto para o ambiente como para os seres humanos". Esta é uma "operação cheia de desafios para nós, para a ONU, a mais difícil da história" acrescentou o diretor-geral da OIAC.
O Governo de Damasco aceitou desfazer-se das suas armas químicas após denúncias de que estas haviam sido usadas por ambos os lados do conflito sírio numa dezena de ataques.
No início de setembro de 2013, uma proposta russa feita durante uma conferência de imprensa ao governo norte-americano foi bem acolhida tanto por Washington como por Damasco e a operação de recolha e destruição dos arsenais começou a ser planeada.
O arsenal químico sírio deverá ter abandonado o país até o fim de março e a sua neutralização deverá ser feita até finais de junho de 2014 numa operação complexa que envolve consideráveis esforços internacionais.
Um pesadelo logístico
Um primeiro carregamento de 16 toneladas de armas químicas foi já colocado a bordo de um navio dinamarquês no porto sírio de Latakia a sete de janeiro de 2014. O navio aguarda agora o resto da carga, em águas internacionais.
São estas a principais etapas do processo de transporte e neutralização dos componentes potencialmente mais perigosos. Alguns dos agentes químicos podem servir para fabricar gás mostarda ou gás de nervos sarin ou VX e por isso não serão guardados no solo mas destruídos em alto mar.
1 - As autoridades sírias são responsáveis pelo acondicionamento e pelo transporte dos arsenais desde 12 localidades até ao seu porto de Latakia. A Rússia fornece contentores de grande capacidade e camiões blindados, tendo os Estados Unidos contribuído com bidões e localizadores GPS.
2 - No porto de Latakia, a Rússia garante a segurança para o carregamento, efetuado através de equipamento de carga, transporte e descontaminação norte-americano. A operação tem o apoio de 10 ambulâncias e equipamento de vigilância enviados pela China e de uma equipa dinamarquesa de emergência para o caso de acidentes.
3 - As armas serão transportadas para Itália por navios dinamarqueses e noruegueses, que fornecem igualmente a escolta militar, tal como a China e a Rússia. Este carregamento refere-se a 500 toneladas (60 contentores).
4 - Nos primeiros dias de fevereiro deverão ser transferidas para o navio militar norte-americano MV Cape Ray. A operação de transbordo deverá durar 48 horas e nenhum dos contentores irá a terra, garantem as autoridades italianas.
5 - O MV Cape Ray deverá destruir as armas em águas internacionais através de hidrólise. Um processo que pode durar de 45 a 90 dias, de acordo com as autoridades norte-americanas.
Destino final dos resíduos
Apesar da operação de neutralização dos agentes químicos estar prevista para águas internacionais, provavelmente no Mediterrâneo, o local preciso não foi divulgado nem o destino dos componentes neutralizados. A Alemanha ofereceu-se para eliminar 370 toneladas destes resíduos.
A Grã-Bretanha aceitou por seu lado receber e destruir 150 toneladas de componentes químicos sírios, tendo confirmado hoje a sua escolha do grupo francês Veolia Environment para realizar a operação, num incinerador da empresa, Ellesmere Port, perto de Liverpool, Reino Unido.
O gigante da gestão de resíduos explicou que, o que vai ser destruído são produtos químicos industriais, "precursores B," que só servem para o fabrico de agentes neuro-tóxicos se forem misturados com "precursores A."