Detenção de portugueses na Venezuela preocupa Belém

por Carlos Santos Neves - RTP
A oposição a Maduro responsabiliza o Governo pela falta de produtos básicos no mercado Carlos Garcia Rawlins - Reuters

Depois das diligências do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que convocou o embaixador venezuelano em Lisboa, o Presidente da República veio este sábado manifestar “preocupação pelos recentes acontecimentos” no país de Nicolás Maduro. Foram detidos perto de 40 gerentes de cadeias portuguesas de supermercados.

Em nota publicada no portal da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa expressa “preocupação pelos recentes acontecimentos na Venezuela, envolvendo a detenção de mais de três dezenas de gerentes portugueses e lusodescendentes”.
A oposição a Maduro responsabiliza o Governo pela falta de produtos básicos no mercado.

O Chefe de Estado, lê-se no mesmo texto, tem estado a acompanhar “a posição e as diligências promovidas pelo Governo português”.

Foi na sexta-feira que o Ministério dos Negócios Estrangeiros convocou o embaixador da Venezuela em Lisboa, Lucas Rincón Romero, a quem transmitiu “a grande preocupação” do Executivo perante a detenção de 38 gerentes de cadeias portuguesas de supermercados. Trinta e quatro continuavam encarcerados.

O gabinete de Augusto Santos Silva referiu em comunicado que no grupo dos detidos há “vários nacionais portugueses e lusodescendentes”.

“Foi salientado o valioso contributo que a significativa comunidade portuguesa e lusodescendente na Venezuela vem dando ao desenvolvimento do tecido empresarial do país e, em particular, à capacidade do sector da distribuição”, salientaram as Necessidades.

Durante a reunião com o representante diplomático venezuelano foi ainda assinalada “a resiliência que estas empresas têm demonstrado face às dificuldades da economia venezuelano, continuando a assegurar um papel social fundamental no abastecimento das populações e na garantia de emprego”.

Marcelo Sobral, Guilherme Terra - RTP

O Ministério comunicou também ao embaixador venezuelano a preocupação de Lisboa com “a situação dos sectores comerciais onde a comunidade portuguesa está fortemente implantada, face às condicionantes económicas e legais que lhes são impostas”.
“O preço que lhes dava na gana”
Na quinta-feira o Presidente venezuelano confirmava as detenções de 34 gerentes de “grandes supermercados”, sob a acusação de “violar a lei”.

“Tivemos um grupo de supermercados que esconderam os produtos às pessoas e começaram a cobrar o preço que lhes dava gana”, acusava então Nicolás Maduro, pronunciando-se no decurso de uma reunião do Conselho de Ministros no Palácio de Miraflores.

Parte dos detidos, a trabalhar para as cadeias de supermercados Central Madeirense e Excelsior Gama, é suspeita de venda ilícita de alimentos e de alterar preços.

As detenções resultaram de uma operação levada a cabo por elementos da Superintendência para a Defesa dos Direitos Socioeconómicos e agentes da Polícia Nacional Bolivariana. Tiveram lugar na região de Caracas e em Los Altos Mirandinos, Barcelona e Puerto La Cruz.

c/ Lusa
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