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Venezuela. MNE transmite "grande preocupação" com portugueses detidos

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

O Ministério português dos Negócios Estrangeiros convocou o Embaixador venezuelano em Lisboa para transmitir ao Governo de Caracas "grande preocupação" com mais de 30 portugueses que permanecem detidos.

Em comunicado emitido na noite de sexta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros informa que convocou o Embaixador venezuelano, Lucas Rincón Romero, de forma a transmitir a “grande preocupação” do Governo português pela detenção de 38 gerentes de duas cadeias de supermercados portuguesas, dos quais 34 permanecem ainda detidos. 


Neste encontro, o Ministério liderado por Augusto Santos Silva salientou o “valioso contributo que a significativa comunidade portuguesa e lusodescendente na Venezuela vem dando ao desenvolvimento do tecido empresarial do país”, com destaque para o setor da distribuição.

Mais assinala o comunicado que foi discutida nesta reunião a “resiliência” das empresas “face às dificuldades da economia venezuelana”, que ainda assim continuam a assegurar um papel social fundamental no abastecimento das populações e na garantia de emprego”. 

“Frisou-se que a comunidade portuguesa na Venezuela, como tantas outras pelo mundo, está profundamente integrada e é conhecida pela sua capacidade de trabalho e pelo respeito pela ordem jurídica do país”, acrescenta o comunicado do Palácio das Necessidades.
 
O Governo português transmitiu ainda a preocupação com “a situação dos setores comerciais onde a comunidade portuguesa está fortemente implantada”, que enfrenta atualmente grandes “condicionantes económicas e legais”.  
 
Estas preocupações do MNE português foram igualmente transmitidas ao Governo venezuelano, através do Ministro para as Relações Exteriores da Venezuela. 
PR manifesta preocupação

Numa nota publicada este sábado na página da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa garante que está a acompanhar a situação na Venezuela.

"O Presidente da República manifesta a sua muita preocupação pelos recentes acontecimentos na Venezuela, envolvendo a detenção de mais de três dezenas de gerentes portugueses e lusodescendentes".

O Presidente assegura ainda que está a acompanhar "a posição e as diligências promovidas pelo Governo português".
Portugueses cobravam "o preço que lhes dava na gana"

O comunicado sobre a situação dos comerciantes portugueses e a nota da Presidência surge dias depois de o Presidente venezuelano ter afirmado que os 34 gerentes de grandes supermercados tinham sido detidos por "violação da lei". Os detidos em causa trabalhavam para as redes de supermercados Central Madeirense e Excelsior Gama.

"Tivemos um grupo de supermercados que esconderam os produtos às pessoas e começaram a cobrar o preço que lhes dava gana", afirmou Nicolás Maduro.

Só esta semana, na quarta-feira, 14 gerentes de duas cadeias portuguesas de supermercados foram detidos, tendo sido acusados pelas autoridades venezuelanas de falta de abastecimento de alguns produtos básicos nas lojas que administram, 13 dos quais são suspeitos de comercialização ilícita de alimentos e alteração dos preços.

As últimas detenções a cargo da Polícia Nacional Bolivariana e de funcionários para a Defesa dos Direitos Socioeconómicos aconteceram nas localidades de Los Palos Grandes, Plaza Las Américas, La Urbina, Chacaíto, Bello Campo, Guatire e Avenida Vitória.

Em resposta a esta ação, a oposição venezuelana acusou o Governo de Nicolás Maduro de ser responsável pela escassez de produtos básicos. O Conselho Nacional de Comércio e Serviços da Venezuela (Consecomércio) e a Câmara de Comércio, Indústria e Serviço de Caracas condenaram as detenções.

Depois do Brasil, a Venezuela reúne a segunda maior comunidade de emigrantes portugueses na América Latina. Os números oficiais são incertos, mas as estimativas apontam para a saída de cerca de 10.000 portugueses e lusodescendentes daquele país nos últimos dois anos. No entanto, mais de 500.000 continuam a residir na Venezuela.
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