“Devo a minha vida à França”, disse Ingrid Betancourt

“Devo a minha vida à França. Se a França não tivesse lutado por mim eu não estaria a fazer esta viagem extraordinária”, disse Ingrid Betancourt a bordo do Airbus presidencial que a levou de Bogotá a Paris quando a cidade das Luzes já se encontrava à vista desarmada.

Eduardo Caetano, RTP /
Ingrid Betancourt já está em França e é recebida pelo casal presidencial Sarkozy Lusa

O avião aterrou no aeroporto militar de Villacoublay, nos arredores de Paris. O Presidente da República francesa, Nicolas Sarkozy e sua mulher Carla Bruni recebera a antiga refém que durante seis longos e tenebrosos anos esteve refén das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

"É toda a França que está feliz", declarou Nicolas Sarkozy esta sexta-feira, ao acolher em território franco a ex-refém das FARC, a franco - colombiana Ingrid Betancourt no aeroporto militar de Villacoublay nos arredores de Paris.

"Cara Ingrid, ansiávamos por isto há muito tempo", assegurou o presidente Sarkozy,perante a comunicação social numa cerimónia realizada na placa do aerporto. "Ingrid Betancourt seja benvinda, a França ama-vos", concluiu.

Em resposta e com a voz embargada pela emoção, Ingrid Betancourt afirmou "estar feliz por respirar o ar da França". "Devo tudo à França", reafirmou a ex-refém.

"Chorei muito de dor e de indignação. Hoje choro de alegria", acrescentou ao mesmo tempo que ouviu os aplausos de uma pequena multidão junta no local para a receber.

Bem mais calma agora

Diferente é a situação que a ex-candidata pelo Partido “Os Verdes” à eleição presidencial vive já que conseguiu dormir no avião presidencial apesar do turbilhão mediático que a rodeava e a emoção que ainda perdurava do reencontro com a sua família, especialmente seus dois filhos, de quem esteve tanto tempo separada.

Ela própria confessa que está a viver “um banho de felicidade” que quer transmitir a todos e partilhá-lo com todos os franceses a quem se sente agradecida e devedora.

“A França é o meu suporte do ponto de vista moral mas também pelo seu peso, pelo facto de ter recusado qualquer operação militar e impedido o governo colombiano de se lançar em operações militares” para libertar os reféns na posse do movimento marxista das FARC, acrescentou.

“As FARC sabiam que a França me apoiava e isso impediu que eles exercessem represálias na minha pessoa”, explicou.

Recorda o drama de um colega de cativeiro que fugiu e foi recapturado e fuzilado, “se a França não tivesse estado por trás de mim eu teria tido provavelmente a mesma sorte”.

“Estou em plena forma. Nunca estive espiritualmente tão forte”, disse Ingrid Betancourt.

Quanto a projectos de futuro, Ingrid não tem dúvidas daquilo que quer e reafirmqa que tem intenções de “viver e ser feliz”.

Anunciou a intenção de ir ao Vaticano encontrar-se com o Papa e “abraçar o Papa”, já que a “ideia de tocar no Papa, é a de estar um pouco mais perto de Deus e é uma forma de dizer Obrigado”.

Vaticano anunciou audiência em breve do Papa com Ingrid Betancourt

O desejo de Ingrid Betancourt vai realizar-se muito em breve. O Vaticano já anunciou que o Papa Bento XVI vai receber em breve a ex-refém em breve logo que a sua agenda lho permita.

O soberano pontífice dirigiu à franco-colombiana um telegrama exprimindo a sua alegria ao saber a notícia da sua libertação.

A mensagem papal reconhece que o “desejo nobre e compreensível” de ser recebida em audiência pelo Papa expresso por Ingrid Betancourt, será exercido no mais breve tempo possível.

No passado mês de Fevereiro o Papa recebeu em audiência Yolanda Pulecio, a mãe de Ingrid Betancourt.
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