Dez dias de manobras. Chineses, russos e sul-africanos em exercícios navais no Índico
São dez dias de manobras navais que vão coincidir com o primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia. As marinhas de guerra de China, Rússia e África do Sul dão esta sexta-feira início aos exercícios Mosi II, no Oceano Índico. O que está a potenciar as críticas internas ao Governo sul-africano, embora este garanta que tenciona conservar uma posição de neutralidade face à guerra no leste da Europa.
Citada pela BBC, Denys Reva, do Instituto para Estudos de Segurança, da África do Sul, estima que o objetivo da máquina de guerra russa é demonstrar que, “apesar dos seus contratempos na guerra da Ucrânia, as suas Forças Armadas continuam a ser muito poderosas”.Os mísseis russos Zircon superam em nove vezes a velocidade do som e têm um alcance de mil quilómetros.
Em janeiro, a Casa Branca sublinhava que os Estados Unidos manifestariam sempre “preocupações sobre qualquer país a treinar com a Rússia” no atual contexto. O Governo sul-africano afiança que mantém a neutralidade, acenando com o argumento de que realiza ciclicamente manobras semelhantes com outros países, incluindo os Estados Unidos e a França.
The South African National Defence Force (#SANDF) has been offered opportunities to carry out naval exercises with the United States, but declined, and is instead proceeding with Exercise Mosi II with Russia and China later this month.https://t.co/PErAaSiX9Q
— defenceWeb (@defenceWeb_Afr) February 7, 2023
“Todos os países realizam exercícios militares com amigos em todo o mundo”, sustentou também no mês passado a ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros, Naledi Pandor, ao receber o homólogo russo, Serguei Lavrov.A África do Sul absteve-se de votar favoravelmente, nas Nações Unidas, a condenação da ofensiva russa contra a Ucrânia. Recusou também juntar-se a norte-americanos e europeus na imposição de sanções a Moscovo.
Já a Rússia terá, este ano, mais a ganhar com os exercícios Mosi II. “Mostram que a Rússia ainda consegue projetar o seu poder à distância e que ainda tem aliados no mundo. Permitem-lhes dizer que não é o mundo contra a Rússia. Só o Ocidente está contra a Rússia”, acentua Sidiropoulos.
Por sua vez, a China quererá preservar a segurança das rotas navais seguidas pelas suas frotas comerciais para destinos em África, além de fazer crescer a visibilidade do poderio da sua marinha de guerra no Índico.O ANC – Congresso Nacional Africano mantém laços históricos com Moscovo, que apoiou ativamente a luta contra o regime do apartheid.
“É uma bofetada na cara dos nossos parceiros comerciais estar tão claramente ao lado da Rússia no aniversário da invasão. Somos idiotas úteis”, reprovou Kobus Marais, responsável pelo dossier da defesa na formação oposicionista Aliança Democrática, citado pela Reuters.
c/ agências