A polícia de Hong Kong e manifestantes pró-democracia envolveram-se em confrontos nos distritos mais próximos da fronteira com a China interior. As autoridades policiais acusam os manifestantes de usarem um líquido corrosivo que queimou a pele de agentes e jornalistas. Esta terça-feira a China celebra o 70.º aniversário da República Popular.
Luís Baila - RTP
No distrito de Tsuen Wan, um homem ficou ferido depois de ter sido atingido a tiro. Esta não é a primeira vez que a polícia de Hong Kong dispara para o ar, mas é a primeira vez que atinge um manifestante.As more protrsterers were wrestled to the ground, police pushed back journalists. At least one was injured near Waterloo Road. #HongKong #hongkongprotests pic.twitter.com/e7hCa8Rchu
— Hong Kong Free Press (@HongKongFP) October 1, 2019
Durante toda a tarde, o centro da ilha de Hong Kong foi sobrevoado por um helicóptero da polícia, que seguiu o maior protesto, com as autoridades policiais a posicionarem-se ao longo do trajeto.[BREAKING] 16:30 A protester is severely injured after getting shot by riot police in Tsuen Wan and immediately taken to hospital. According to different sources, the protester has lost his conscious & bleed very badly. #HongKongProtest #FreedomHK
— Freedom HK (@FreedomHKG) October 1, 2019
Photo cr. @cityusucbc pic.twitter.com/8spv7P2H1i
Segundo a polícia, “os manifestantes usaram líquido corrosivo na área de Tuen Mun, ferindo vários polícias e jornalistas”.
Rioters have used corrosive fluid in Tuen Mun area, injuring multiple Police officers and reporters. The Police strongly condemn the violent acts and appeal to members of the public to mind their personal safety.
— Hong Kong Police Force (@hkpoliceforce) October 1, 2019
A polícia apelou ainda para que todas as pessoas que se encontrem no local se retirem.
“Se necessário devem manter as janelas fechadas e permanecer em ambientes fechados”, acrescentaram as forças de segurança numa outra publicação.Residents of the area are advised to stay tuned to the latest situation and if necessary, keep their windows shut and stay indoors.
— Hong Kong Police Force (@hkpoliceforce) October 1, 2019
Em Yau Ma tei, há relatos de disparos efetuados pela polícia, enquanto em Wong Tai Sin as autoridades recorreram a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
Também em Sha Tin foi utilizado gás lacrimogéneo e em Tsuen Wan o cenário é o mesmo, com confrontos abertos com a polícia ou com os manifestantes a erguerem barricadas.
Nas ruas, entre bandeiras chinesas, e ao som do hino “Glory to Hong Kong”, boa parte da população de Hong Kong fazia questão de pisar fotografias do Presidente chinês, Xi Jinping, e da chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que tinham sido estrategicamente coladas ao longo da estrada.
This like a carnival sideshow game. pic.twitter.com/dPPb7IH4px
— Antony Dapiran (@antd) October 1, 2019
Crise política começou em junho
Hong Kong enfrenta, há cerca de quatro meses, a mais grave crise política desde a transferência da soberania da antiga colónia britânica para a China, em 1997, com ações e manifestações quase diárias contra o Governo.No discurso do 70.º aniversário da República Popular da China, o Presidente Xi Jinping destacou a unidade, desenvolvimento e força do país. “Não há força que possa abalar os alicerces desta grande nação”, afirmou no topo da Praça Tiananmen.
O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong.
A transferência da soberania de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".