Dificuldades da higiene no espaço contadas pela primeira turista
Anousheh Ansari, a primeira mulher turista espacial e a primeira pessoa em órbita a manter um blog na Internet, explicou hoje as dificuldades de higiene em ambiente sem gravidade.
«Pois bem, meus amigos, tenho de confessar que ter uma boa higiene no espaço não é fácil!», exclama a mulher de negócios norte- americana, de origem iraniana, referindo-se «ao que toda a gente quer saber», sem nunca ousar perguntá-lo.
Os cerca de dois mil comentários dos leitores do blog, desde a sua partida a 18 de Setembro do cosmódromo russo de Ba´konour, no Cazaquistão, exprimem sobretudo emoção, admiração, encorajamento.
«A água aqui não corre, flutua», lembra ela, antes de explicar que cada um dos tripulantes dispõe de toalhas molhadas e guardanapos secos e que, ao escovar os dentes, não se deita fora a água, engole- se.
Cada pessoa dispõe de um `kit` de higiene, sendo o seu o que fora previsto para o turista japonês Daisuke Enomoto, que não embarcou devido a um problema de saúde e que continha «um máquina de barbear e muita espuma, mas não maquilhagem».
A turista espacial conta como lavou a cabeça: «Pega-se num saco de água e forma-se lentamente uma enorme bolha de água por cima da nossa cabeça, depois, muito, muito docemente, com a ajuda de um champô seco, lava-se o cabelo. Ao mais pequeno gesto brusco, pequenas bolhas de água flutuam por todo o lado». Ela filmou mesmo a operação.
Toda a água é reciclada, os objectos molhados, nomeadamente os fatos ensopados de suor, são secos e a água que se evapora recolhida.
«Um dos astronautas disse-me um dia `somos como irmãos e irmãs`, o que é completamente único porque nós bebemos o suor uns dos outros», conta ela.
Mais poética é a sua descrição da Terra a partir da Soyouz TMA- 9 pouco depois da descolagem.
«Pude finalmente ver a Terra pela primeira vezÓ as lágrimas começaram a correr-me pela cara (Ó) Lá estava este belo planeta, rodando graciosamente sobre si próprio, sob os quentes raios de solÓ tão pacíficoÓ tão cheio de vidaÓ sem qualquer sinal de guerra, sem qualquer traço de fronteiras, sem tumultos, apenas beleza pura».