Mundo
Dilma à beira do precipício vai "lutar para regressar" ao Planalto
Entrevistada pela BBC, a Presidente do Brasil diz-se “vítima” de um procedimento de destituição ilegal e assegura que vai continuar a lutar para conservar as rédeas do Governo. No Senado brasileiro, o relatório da comissão que analisa a admissibilidade do impeachment recomendou a continuidade do processo de afastamento temporário.
Resistir, resistir e resistir. Dilma Rousseff não arreda pé e promete opor-se até às últimas consequências ao processo de impeachment de que é alvo e que poderá conduzir ao seu afastamento. Dilma Rousseff é acusada de crimes de
responsabilidade, nomeadamente as “pedaladas fiscais”: o atraso do
reembolso de dinheiro aos bancos de forma a maquilhar as contas
públicas.
Em entrevista à BBC, a Presidente do Brasil classifica o procedimento como “ilegítimo e ilegal, baseado numa farsa”, e promete “continuar a lutar para regressar ao Governo, caso o pedido de impeachment seja aceite”.
Nas declarações à televisão britânica, Dilma diz ser “vítima inocente” do processo em curso, onde é acusada de manipular as contas do Estado.
Sobre os escândalos de corrupção que assolam o Brasil, nomeadamente o caso Petrobras, a Presidente que foi ministra das Minas e Energia entre 2003 e 2005 durante a governação de Lula da Silva reconhece que o combate às más práticas “não tem sido suficiente”.
Garante, no entanto, que “o grau de eficiência” no combate à corrupção é mais significativo desde que é Presidente.
Democracia é “o lado certo da História”
Enquanto o Rio de Janeiro ultima os preparativos para os Jogos Olímpicos de agosto, Dilma Rousseff diz ter sentido “uma certa tristeza” no momento em que a tocha olímpica chegou a Brasília.
“A tocha sintetiza toda a luta e esforço em organizar um evento seguro e bem-sucedido. Ao mesmo tempo, há uma certa tristeza porque poderei não aparecer como Presidente nos Jogos Olímpicos que construí”, assume Dilma.
“Muitas pessoas morreram. Não temos de passar novamente por todo esse horror e tragédia para aprender que a democracia é o lado certo da História”, reitera.
Senado deve votar na próxima semana
Enquanto a Presidente brasileira se desdobra em entrevistas e apelos, o processo de impeachment segue caminho nos órgãos legislativos de Brasília. Após a votação da Câmara dos Deputados no mês passado, que deu larga vantagem à oposição de Dilma Rousseff, é agora o momento de a câmara alta do Parlamento brasileiro aprovar o processo de destituição.
No relatório da comissão especial do Senado, parecer assinado ontem por Antônio Anastasia (do PSDB), recomenda-se a continuidade do processo de afastamento da Presidente brasileira.
O documento, que reconhece indícios de “crime de responsabilidade” por parte de Dilma, deverá ser submetido a votação particular pela comissão especial já na sexta-feira. Antes dessa votação, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardoso, deverá defender a Presidente das acusações de que é alvo. Em caso de aprovação por parte da Câmara alta do Parlamento, Dilma Rousseff torna-se na segunda Presidente da história do Brasil a ser afastada por processo de impeachment, depois de Fernando Collor em 1992.
Caso o relatório de Anastasia seja aprovado pela comissão especial da Câmara Alta, a votação prossegue para o plenário do Senado, o derradeiro órgão a quem cabe decidir a abertura do processo de destituição.
A votação da câmara alta deverá acontecer já no próximo dia 11 de maio. Nessa votação, a maioria simples do plenário (ou seja, metade dos presentes mais um) é suficiente para ditar o afastamento de Dilma Rousseff por 180 dias.
Segundo a Folha de S. Paulo, dos 81 deputados que constituem o Senado, 51 estão a favor da abertura do processo, um número que deixa confortáveis os apoiantes do impeachment.
De relembrar que todo o processo teve início com as denúncias entregues a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, que decidiu em dezembro último acolher uma das denúncias por "crime de responsabilidade" a Dilma Rousseff.
Esta votação não é, no entanto, definitiva. Com Michel Temer, atual vice-presidente do Brasil, a assumir a liderança, o pedido de impeachment prossegue na câmara alta. Aos deputados cabe recolher e produzir provas, ouvir novamente os protagonistas.
No final, a comissão especial volta a elaborar um parecer que, caso mantenha as acusações, deverá ser aprovado por dois terços dos senadores. Esta é a instância a quem cabe a última palavra no processo.
Se for aprovada por 54 parlamentares (neste caso, a Folha prevê que apenas 42 dos senadores estejam a favor), Dilma é definitivamente afastada das suas funções. Fica também proibida de exercer quaisquer funções em instituições públicas durante oito anos.
Em entrevista à BBC, a Presidente do Brasil classifica o procedimento como “ilegítimo e ilegal, baseado numa farsa”, e promete “continuar a lutar para regressar ao Governo, caso o pedido de impeachment seja aceite”.
Nas declarações à televisão britânica, Dilma diz ser “vítima inocente” do processo em curso, onde é acusada de manipular as contas do Estado.
Sobre os escândalos de corrupção que assolam o Brasil, nomeadamente o caso Petrobras, a Presidente que foi ministra das Minas e Energia entre 2003 e 2005 durante a governação de Lula da Silva reconhece que o combate às más práticas “não tem sido suficiente”.
Garante, no entanto, que “o grau de eficiência” no combate à corrupção é mais significativo desde que é Presidente.
Democracia é “o lado certo da História”
Enquanto o Rio de Janeiro ultima os preparativos para os Jogos Olímpicos de agosto, Dilma Rousseff diz ter sentido “uma certa tristeza” no momento em que a tocha olímpica chegou a Brasília.
“A tocha sintetiza toda a luta e esforço em organizar um evento seguro e bem-sucedido. Ao mesmo tempo, há uma certa tristeza porque poderei não aparecer como Presidente nos Jogos Olímpicos que construí”, assume Dilma.
Questionada quanto aos movimentos brasileiros que apoiam o regresso do país ao regime de ditadura militar, a chefe de Governo evoca a sua própria experiência de prisão e tortura. Relembra os três anos em que esteve encarcerada, “isolada do resto do mundo, sujeita a tortura”.Brazilian President Dilma Rousseff tells BBC she will "fight on" as she faces threat of impeachment https://t.co/wRXZqEd7R6
— BBC Breaking News (@BBCBreaking) May 5, 2016
“Muitas pessoas morreram. Não temos de passar novamente por todo esse horror e tragédia para aprender que a democracia é o lado certo da História”, reitera.
Senado deve votar na próxima semana
Enquanto a Presidente brasileira se desdobra em entrevistas e apelos, o processo de impeachment segue caminho nos órgãos legislativos de Brasília. Após a votação da Câmara dos Deputados no mês passado, que deu larga vantagem à oposição de Dilma Rousseff, é agora o momento de a câmara alta do Parlamento brasileiro aprovar o processo de destituição.
No relatório da comissão especial do Senado, parecer assinado ontem por Antônio Anastasia (do PSDB), recomenda-se a continuidade do processo de afastamento da Presidente brasileira.
O documento, que reconhece indícios de “crime de responsabilidade” por parte de Dilma, deverá ser submetido a votação particular pela comissão especial já na sexta-feira. Antes dessa votação, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardoso, deverá defender a Presidente das acusações de que é alvo. Em caso de aprovação por parte da Câmara alta do Parlamento, Dilma Rousseff torna-se na segunda Presidente da história do Brasil a ser afastada por processo de impeachment, depois de Fernando Collor em 1992.
Caso o relatório de Anastasia seja aprovado pela comissão especial da Câmara Alta, a votação prossegue para o plenário do Senado, o derradeiro órgão a quem cabe decidir a abertura do processo de destituição.
A votação da câmara alta deverá acontecer já no próximo dia 11 de maio. Nessa votação, a maioria simples do plenário (ou seja, metade dos presentes mais um) é suficiente para ditar o afastamento de Dilma Rousseff por 180 dias.
Segundo a Folha de S. Paulo, dos 81 deputados que constituem o Senado, 51 estão a favor da abertura do processo, um número que deixa confortáveis os apoiantes do impeachment.
De relembrar que todo o processo teve início com as denúncias entregues a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, que decidiu em dezembro último acolher uma das denúncias por "crime de responsabilidade" a Dilma Rousseff.
Esta votação não é, no entanto, definitiva. Com Michel Temer, atual vice-presidente do Brasil, a assumir a liderança, o pedido de impeachment prossegue na câmara alta. Aos deputados cabe recolher e produzir provas, ouvir novamente os protagonistas.
No final, a comissão especial volta a elaborar um parecer que, caso mantenha as acusações, deverá ser aprovado por dois terços dos senadores. Esta é a instância a quem cabe a última palavra no processo.
Se for aprovada por 54 parlamentares (neste caso, a Folha prevê que apenas 42 dos senadores estejam a favor), Dilma é definitivamente afastada das suas funções. Fica também proibida de exercer quaisquer funções em instituições públicas durante oito anos.