Dilma critica detenção “sob vara” de Lula da Silva

A presidente do Brasil voltou a insurgir-se contra a forma como o ex-presidente do país, Lula Da Silva, foi levado para prestar depoimento na operação “Lava Jato”. Inconformada com a ação da polícia brasileira, Dilma Rousseff sublinhou que “há formas de proteção muito estranhas”.

Ana Sanlez - RTP /
Instituto Lula da Silva

Dilma Rousseff ainda não compreende como é que o ex-presidente do Brasil foi conduzido de forma coerciva, na passada sexta-feira, para prestar esclarecimentos no caso de corrupção “Lava Jato”. Esta segunda-feira a presidente do Brasil reforçou que a atuação da Polícia Federal “não é possível de aceitar”.

“Nunca o presidente Lula se julgou melhor do que ninguém. Quando convidado a prestar esclarecimentos sempre foi. Não tem o menor sentido conduzi-lo sob vara para prestar depoimento se ele jamais se recusou a ir”, criticou Dilma Rousseff.

A chefe de Estado brasileira criticou também a justificação apresentada pela equipa de investigadores para conduzirem Lula de forma coerciva. As autoridades alegaram querer evitar confrontos entre manifestantes a favor e contra o ex-presidente do Brasil, caso o depoimento tivesse uma data marcada.

"Nem cabe alegar que estavam a protegê-lo. Como disse um juiz, era necessário saber se ele queria ser protegido, porque há certos tipos de proteção muito estranhos”, considerou Dilma.

“Não podemos demonizar pessoas, nem opiniões diferentes da nossa. Mas temos de exigir respeito e dar respeito aos outros”, salientou a sucessora de Lula.
"A atirar lama"
Dilma criticou ainda as fugas de informação “sistemáticas” que têm acontecido nos últimos meses no âmbito do caso “Lava Jato”, que apesar de “não verdadeiras” não evitam “o estrago de atirar lama para os outros”.

Logo na sexta-feira Dilma falou ao país desde o Palácio do Planalto para demonstrar indignação pela “desnecessária condução coerciva” de Lula. No sábado a presidente do Brasil deslocou-se a São Bernardo do Campo, onde vive o ex-presidente, para declarar pessoalmente o seu apoio a Lula.

No mesmo discurso Dilma fez notar a divisão que se faz sentir no país. A presidente acusou a oposição de provocar uma “sistemática crise política”. “São inconformados que perderam as eleições e querem antecipar a eleição de 2018”, acusou a presidente do Brasil.
"Lava Jato" na fase 24
O ex-presidente do Brasil foi o principal alvo da 24ª fase da Operação “Lava Jato” que teve lugar na passada sexta-feira. Lula foi levado a depor devido a suspeitas de ocultação de património. O depoimento teve lugar numa sala do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Os investigadores procuram descobrir se Lula da Silva foi beneficiado no esquema de corrupção da Petrobras.

Segundo o Ministério Público Federal, há indícios de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, que era desviado da petrolífera brasileira para pagar a políticos. Os pagamentos eram feitos por José Carlos Bumlai, o empresário preso em novembro no âmbito do mesmo processo, e pelas construtoras OAS e Odebrecht a Lula e outras figuras de relevo da política e dos negócios no Brasil.

A Polícia Federal, por ordem do juiz Sérgio Moro, cumpriu na sexta-feira mandados de busca e apreensão na casa de Lula da Silva, na sede do Instituto Lula e noutras 31 moradas relacionadas com o ex-presidente do Brasil.

A Polícia Federal começou esta segunda-feira a analisar os documentos e objetos apreendidos na 24ª fase da operação, que incluem computadores e telemóveis.

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