Dilma Rousseff afirma que memória da ditadura é dívida do Governo com as vítimas

Brasília, 31 mar (Lusa) - A Presidente brasileira Dilma Rousseff afirmou hoje que a memória sobre os acontecimentos durante a ditadura militar do país (1964-1985) é uma dívida do Governo para com os mortos, desaparecidos, torturados e perseguidos.

Lusa /

Rousseff discursou numa cerimónia que marcou os 50 anos do golpe militar brasileiro, ocorrido em 31 de maio de 1964. A Presidente integrou a resistência armada à ditadura e chegou a ser presa e torturada.

"O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos que morreram e desapareceram, aos torturados e perseguidos, às suas famílias, a todos os brasileiros. Lembrar e contar faz parte de um processo muito humano, desse processo que iniciámos com as lutas do povo brasileiro, pela amnistia, Constituinte, eleições diretas, crescimento com inclusão social, Comissão Nacional da Verdade, todos os processos de manifestação e democracia que temos vivido ao longo das últimas décadas", afirmou.

Rousseff disse ainda que, por 21 anos, o Brasil deixou de ser um país de instituições democráticas e que teve "a sua liberdade e os seus sonhos calados". A Presidente atribuiu a redemocratização ao "esforço" das lideranças do passado.

" A dor que nós sofremos, as cicatrizes visíveis e invisíveis que ficaram nesses anos, elas podem ser suportadas e superadas porque hoje temos uma democracia sólida e podemos contar a nossa história", acrescentou.

Em seguida, noutro evento, a Presidente brasileira disse ser contrária a modificações na Lei da Amnistia, que perdoou os crimes cometidos tanto pelo Estado como pelos seus opositores e possibilitou o regresso da democracia ao país.

"Assim como eu respeito e reverencio os que lutaram pela democracia, enfrentando a truculência ilegal do Estado - e nunca deixarei de enaltecer estes lutadores e estas lutadoras -, também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização", disse, citada pela imprensa brasileira.

Também em Brasília, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu desculpa pelas violências e crimes cometidos no período da ditadura militar, em nome do país, durante um evento da Ordem dos Advogados do Brasil.

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