Dilúvio na Índia mata mais de 160 pessoas

por Joana Raposo Santos - RTP
A catástrofe natural já levou a que cerca de 223 mil pessoas fossem levadas para abrigos Sivaram V - Reuters

O Estado de Kerala, na Índia, está a enfrentar as piores cheias do último século. Em apenas dez dias, as inundações repentinas e deslizamentos de terras já levaram à morte de 164 pessoas, deu a conhecer esta sexta-feira o último balanço oficial. As chuvas torrenciais continuam sem dar tréguas, dificultando o trabalho das equipas de salvamento.

Pinarayi Vijayan, o ministro-chefe de Kerala, afirma que a catástrofe natural já levou a que cerca de 223 mil pessoas fossem levadas para abrigos, onde estão a receber ajuda médica. Garante ainda que, em breve, deverão chegar à região mais meios de resgate.

“Falei esta manhã com o ministro da Defesa e pedi mais 11 helicópteros”, declarou. “Em algumas zonas, o transporte aéreo é a única opção. Milhares de pessoas estão ainda isoladas”. Muitas destas pessoas encontram-se há dias nos telhados das habitações enquanto esperam por meios aéreos que as resgatem.

Porém, na maioria das regiões não existem condições para a aterragem e recolha dos habitantes e os helicópteros vêem-se forçados a ignorar os acenos e pedidos de ajuda. Têm, no entanto, largado comida e água em cestos de metal, assim como barcos e coletes salva-vidas.


Foto: Sivaram V - Reuters

Até agora, apenas foi possível resgatar quatro pessoas do topo de uma habitação, entre as quais uma criança de três anos.
Narendra Modi a caminho de Kerala
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que se encontra a caminho de Kerala para se reunir com Vijayan e “fazer um balanço da infeliz situação”, já pediu ao ministro da Defesa que as operações de resgate sejam melhoradas.

Desde 9 de agosto o Ministério colocou à disposição das equipas de salvamento 158 barcos e 23 helicópteros. Para além do apoio do exército, da marinha e da guarda costeira, foi também solicitada ajuda aos pescadores da região.


De acordo com a Força Nacional de Resposta a Desastres da Índia (NDRF, na sigla em inglês), 13 dos 14 distritos de Kerala continuam sob aviso vermelho, o mais elevado alerta lançado durante emergências no país.

As chuvas das monções são comuns no sul da Ásia nesta época do ano. No entanto, de acordo com a NDRF, “este ano houve um excesso de 40 a 50 por cento das águas das monções e, devido às chuvas persistentes, houve deslizamentos de terra e regiões inteiras estão debaixo de água”. Nos últimos três meses, mais de 320 pessoas morreram devido às cheias.

O desastre natural que dura há já dez dias levou a que 34 das 40 barragens de Kerala atingissem a sua capacidade máxima. Segundo as autoridades indianas, estas barragens tiveram de ser abertas para libertar a água e evitar a destruição das estruturas, algo que poderia ter consequências desastrosas.

O Departamento de Meteorologia da Índia alertou que as chuvas fortes se devem manter até sábado, altura em que as operações de resgate se devem tornar mais eficazes.
Aeroporto e caminhos de ferro parados
O aeroporto de Kerala, situado na cidade de Kochi, está inundado e as operações foram suspensas até 26 de agosto, com os voos a serem desviados para dois outros aeroportos do Estado. Também a maioria das estradas e caminhos de ferro foram cortados ao trânsito.

“Os níveis da água continuam a subir” e o perigo de circulação é cada vez maior, especialmente em pontes, declarou a empresa de transporte ferroviário Southern Railway, acrescentando que já cancelou mais de uma dúzia de comboios que deveriam passar por Kerala.

Muitas das plantações estão também inundadas, algo que pode prejudicar a economia do Estado de Kerala, grande produtor de chá, café e especiarias.

Outra das preocupações que se tem feito sentir é a do futuro dos sobreviventes, uma vez que, ao regressarem às suas casas, estarão suscetíveis a contrair doenças criadas pela água e pela humidade.

“Estamos a elaborar planos para lidar com essa situação”, garantiu Anil Vasuden, chefe do departamento de resposta aos desastres de saúde de Kerala.
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