Diplomata português recomenda a empresários "estudo atento" das especificidades da Guiné Equatorial

por Lusa

O representante da diplomacia portuguesa em Malabo, Frederico Silva, considerou hoje que a Guiné Equatorial tem "oportunidades evidentes" para os empresários portugueses, mas considerou "altamente recomendável" um diagnóstico "atento" e "preciso" das especificidades do mercado.

"Do ponto de vista do investidor, que arrisca o seu dinheiro, energia, tempo e recursos, é fundamental fazer um diagnóstico muito atento, preciso e profundo do ambiente de negócios", disse Frederico Silva.

O diplomata, ex-cônsul-geral em Moçambique e recém-chegado à Guiné Equatorial, falava à agência Lusa, em Malabo, à margem da cimeira de negócios promovida pela Confederação de Empresários da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) e que hoje termina.

"Todos os países têm os seus ciclos e contraciclos e as suas especificidades e este país não é exceção. Há efetivamente oportunidades, mas um estudo de mercado atento, preciso e consultando pessoas que tenham experiência do mercado, é altamente recomendável", disse.

Na década de 2000, o "boom" das grandes obras públicas, incluindo portos e aeroportos, quer na ilha de Bioko, quer na parte continental da Guiné Equatorial, atraiu ao país grande número de empresas internacionais, incluindo muitas portuguesas.

"Houve de facto uma fase em que se contavam por centenas o número de portugueses que estavam ao serviço dessas empresas", recordou Frederico Silva.

De acordo com o diplomata português, o "arrefecimento" da economia motivado pela descida das receitas da exportação do petróleo e gás, fez com que o ritmo de construções abrandasse e em muitos casos tenha chegado a paralisar.

"Muitas empresas deixaram de ter aqui a sua atividade e, neste momento, não haverá mais de algumas dezenas de portugueses", disse, adiantando que são sobretudo homens que trabalham nas áreas da consultadoria ou advogados.

Segundo Frederico Silva, o número de empresas portuguesas que continuam na Guiné Equatorial não ultrapassará "uma dezena".

Questionado sobre queixas de alguns empresários portugueses de que enfrentam dificuldades de receber os pagamentos acordados com o Estado equato-guineense, o diplomata português reconheceu que essa realidade existe.

"É uma situação que afeta todo um conjunto de operadores económicos que terão algumas dificuldades em ver satisfeitos os termos contratuais e isso não exceciona certamente as empresas de capitais portugueses", disse.

A cimeira de negócios da CE-CPLP decorreu entre quarta e hoje, na Guiné Equatorial, com a participação de cerca de 250 empresários de Portugal, Angola, Cabo Verde e Moçambique.

A Guiné Equatorial tornou-se, em 2014, o nono país-membro da CPLP, juntando-se a Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

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