Dirigentes locais de Bali contra legislação de combate à pornografia

Representantes das 1.430 aldeias e líderes tradicionais da ilha turística indonésia de Bali manifestaram sexta-feira a sua oposição à legislação que está a ser debatida em Jacarta e visa combater a "pornografia e a indecência".

Agência LUSA /

Segundo a agência noticiosa indonésia ANTARA, os dirigentes locais consideram que a aprovação da legislação, que proíbe designadamente os beijos na via pública, a nudez e as danças eróticas, vai afectar a indústria do turismo na ilha, já abalada pelos atentados terroristas de 2002 e 2005.

A Câmara de Representantes em Jacarta está a debater legislação que, a ser aprovada, pune com penas de prisão até cinco anos e multas de 250 milhões de rupias (cerca de 24 mil euros) quem for surpreendido a beijar-se na via pública, apresentar-se nu em público ou dançar de forma ostensivamente erótica nas discotecas existentes em Bali.

"Nós, líderes das aldeias tradicionais, decidimos opormo-nos à lei", sintetizou Dewa Ngurah Swantha, no encontro que uma delegação da Câmara de Representantes manteve sexta-feira em Denpasar, e que se deslocou a Bali para avaliar a reacção dos dirigentes locais às medidas legais em discussão.

No encontro participaram muitos representantes da sociedade de Bali, maioritariamente hindu, ao contrário do resto da Indonésia, o maior país muçulmano do Mundo, incluindo líderes religiosos, artistas e organizações juvenis.

Enquanto decorria o encontro, cerca de 300 pessoas participaram numa manifestação para reforçar a recusa de Bali em penalizar o tipo de vida que faz parte da história da ilha.

"Por favor não destruam o turismo de Bali. Se a lei for aprovada, nenhum turista estrangeiro entrará em Bali", salientou Tjok Sukawati, responsável da Associação de Hotéis e Restaurantes de Bali.

Os actos terroristas de 2002 e 2005, perpetrados por muçulmanos fanáticos, têm provocado a contínua descida do número de entradas de turistas e de receitas.

De acordo com o Departamento Central de Estatísticas da Indonésia, o número de turistas que escolheram a Indonésia em 2005 para passar férias diminuiu 10,28 por cento comparativamente a 2004.

Aquele departamento assinala que o dinheiro gasto pelos turistas também diminuiu consideravelmente no mesmo período, caindo 8,33 por cento para 4,4 mil milhões de dólares em 2005.

As causas desta queda assentam no triplo atentado terrorista registado em Outubro de 2005 na ilha de Bali, que provocou a morte a 20 pessoas e aos três bombistas suicidas.

Em Dezembro, as chegadas registadas demonstraram, contudo, uma melhoria, com mais 19,56 por cento (312.177 turistas) comparativamente a Novembro.

A explicação para este facto deve-se a Dezembro ser habitualmente o melhor mês da época alta no turismo indonésio.

No aeroporto de Bali foram registadas 81.093 entradas, enquanto em Novembro apenas entraram 67.687 turistas.

No total, em 2005, 1,45 milhões de turistas passaram férias em Bali, menos 4,67 por cento que em 2004.

O triplo atentado de Outubro ocorreu quando a indústria de turismo demonstrava estar a recuperar dos efeitos das acções terroristas levadas a cabo por fundamentalistas islâmicos em 2002 em Bali, que provocaram a morte de 202 pessoas.

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