Dois detidos por rapto do filho de empresário em Maputo
A polícia moçambicana deteve duas pessoas suspeitas de raptar o filho de um empresário, uma criança de oito anos, na passada terça-feira, na cidade de Maputo, sul de Moçambique, entretanto libertada, anunciou hoje fonte da corporação.
"Um dos detidos no passado foi colaborador da família da vítima, onde exercia trabalhos de motorista, então ele tinha contacto telefónico com alguns membros da família e foi a partir desse contacto que exigiram o pagamento do resgate", disse João Adriano, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), na cidade de Maputo.
A criança foi raptada no dia 27 de maio, na Sommerschield, uma zona nobre da capital moçambicana, e libertada pelos suspeitos no mesmo dia, após pressão da polícia, avançou o porta-voz.
"Sentindo-se pressionados, a dada altura, pelo trabalho do Sernic, entraram em contacto com a família a comunicar que haviam abandonado a vítima algures em Marracuene [arredores de Maputo]. Na sequência, a família correu para o local e recuperou a criança", referiu João Adriano.
Segundo a polícia, os suspeitos foram detidos nos dias 28 e 29 de maio, na posse de uma pistola e de uma faca.
A onda de raptos que se regista desde 2011 em Moçambique afeta sobretudo empresários e os seus familiares, principalmente pessoas de ascendência asiática, um grupo que domina o comércio nos centros urbanos das capitais provinciais no país.
O Procurador-Geral da República de Moçambique (PGR), Américo Letela, admitiu, em 29 de abril, dificuldades para identificar e neutralizar os mandantes dos crimes de raptos, denunciando o envolvimento de membros da polícia e de magistrados no crime.
De acordo com dados do Ministério Público, em 2024 foram instaurados 32 processos relativos a este tipo de crime, com o resgate de pelo menos 13 vítimas e detenção de 21 suspeitos, apreensão de seis armas de fogo e desmantelamento de três cativeiros.
Desde 2011 e até março deste ano, a polícia moçambicana registou um total de 205 raptos e deteve pelo menos 302 suspeitos de envolvimento no crime, avançou o Governo, que admitiu "desafios" para travar estes acontecimentos.
Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo números divulgados em julho pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique, que defendeu ser tempo de o Governo tomar medidas para combater este tipo de crime.