Dois detidos por vandalização de centro de saúde em Moçambique
As autoridades moçambicanas detiveram dois suspeitos de envolvimento na vandalização de um centro de saúde e destruição de cinco casas de líderes comunitários por desinformação sobre a cólera, em Metuge, Cabo Delgado, norte de Moçambique, foi hoje noticiado.
O caso ocorreu em duas aldeias do distrito de Metuge, na província de Cabo Delgado, onde têm sido registados "casos elevados de cólera", segundo as autoridades.
"Estes [suspeitos] teriam sido indicados como autores morais desta vandalização ao centro de saúde", disse Eugénia Nhamussua, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Cabo Delgado, citada pela comunicação social.
Segundo a polícia, a desinformação sobre a propagação da cólera causou agitação em Metuge, com os populares a vandalizar o centro de saúde local, além de destruir cinco casas de líderes comunitários e o centro de tratamento da doença.
"Introduziram-se no interior do centro de saúde, vandalizaram os pertences que lá encontraram e seguidamente fizeram-se à tenda onde se encontravam internados alguns pacientes, tendo-os retirado para a aldeia e destruído totalmente aquela tenda", referiu a porta-voz.
Pelo menos 169 pessoas morreram este ano em Moçambique devido à cólera, entre cerca de 40 mil casos, avançou, em 10 de dezembro, o ministro da Saúde, pedindo às comunidades respeito pelas medidas de higiene individual e coletiva.
"Recebemos cerca de 3,5 milhões de doses de vacinas para poder tratar e prevenir a cólera e aqui há um aspeto que gostaria de mencionar: É que desses 169 óbitos por cólera, cerca de 70% destes ocorreram na comunidade, o que significa que há um problema sério de informação e comunicação ao nível das comunidades", disse Ussene Isse.
Segundo o último boletim diário da doença, da Direção Nacional de Saúde Pública, com dados de 03 de setembro a 05 de dezembro, Moçambique tem um cumulativo de 731 casos de cólera e seis óbitos.
O Governo de Moçambique quer eliminar a cólera "como um problema de saúde pública" no país até 2030, conforme plano aprovado em 16 de setembro em Conselho de Ministros e avaliado em 31 mil milhões de meticais (418,5 milhões de euros).
O objetivo do Governo é "ter um Moçambique livre da cólera como um problema de saúde pública até 2030, onde as comunidades têm acesso à água segura, saneamento e cuidados de saúde de qualidade, alcançados através de ações multissetoriais, coordenadas e informadas por evidências científicas", disse o porta-voz daquele órgão, Inocêncio Impissa.