Donald Tusk indigitado primeiro-ministro da Polónia
O dirigente dos liberais vencedores das legislativas polacas, Donald Tusk, foi oficialmente indigitado primeiro-ministro pelo Presidente Lech Kaczynski e incumbido de formar governo.
A sua indigitação mete um ponto final a dois anos de controverso poder dos irmãos gémeos Kaczynski - o Presidente e o ex-líder do executivo -, que colocaram a Polónia em rota de colisão com a União Europeia (UE) e Rússia.
Lech Kaczynski permanecerá na chefia de Estado até ao fim de 2010, mas já sem o apoio do irmão Jaroslaw, situação que lhe retira boa parte da anterior ascendência e obriga a coabitar com Tusk, seu inimigo político declarado.
Exemplo das relações geladas entre os dois governantes foi a cerimónia pública da designação do primeiro-ministro no palácio presidencial, que durou 30 segundos, seguida de um encontro de um quarto de hora.
De acordo com a Constituição da Polónia, é o chefe de Estado que incumbe o primeiro-ministro de formar governo, nos 14 dias subsequentes à primeira sessão do novo parlamento saído das eleições, neste caso a câmara baixa (Dieta).
Depois, Lech Kaczynski nomeará formalmente o governo, que entrará em funções uma vez aprovado em sede de Legislativo, com maioria absoluta dos 460 deputados.
Tusk garantiu que o executivo estará escolhido na próxima semana.
Há duas semanas, o partido liberal Plataforma Cívica (PO), de Tusk, ganhou por ampla margem aos conservadores do partido Direito e Justiça (PiS), dos gémeos Kaczynski, no poder há dois anos.
Com 209 dos 460 deputados no hemiciclo, o PO não tem maioria e, daí, Tusk ter decidido coligar-se ao partido agrário centrista PSL, de Waldemar Pawlak, também seu parceiro político em algumas regiões do país.
As duas forças políticas juntas somam 240 deputados e ficam, portanto, em maioria no parlamento.
O PSL deverá obter três pastas ministeriais, nomeadamente a da Economia.
A dos Negócios Estrangeiros vai para Radoslaw Sikprski, que era titular da Defesa no executivo de Jaroslaw Kaczynski, e a das Finanças para Jacek Rostowski, antigo adjunto de Leszek Balcerowicz, "pai" das reformas económicas polacas nos anos 1990.
Tusk está empenhado em pacificar a tensão entre o seu país e a UE, sobretudo com a Alemanha, e igualmente com a Rússia, que foram os pomos de discórdia no consulado dos gémeos Kaczynski.
Quinta-feira, Donald Tursk prometeu ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão barroso, conduzir uma política "mais pró-europeia", após dois anos de bloqueios dos gémeos conservadores Kaczynski.
"Quero afirmar que esta orientação pró-europeia da política externa da Polónia será ainda mais intensa", declarou Tusk, após um encontro em Varsóvia com Durão Barroso.
Insistiu ainda em que cumprirá a promessa eleitoral de rever em 2008 a presença militar polaca no Iraque, onde estão destacados cerca de 900 soldados.
No plano da política interna, as prioridades vão para cortes na burocracia de Estado, relançamento das privatizações e reforma do sistema nacional de saúde, à beira da ruptura.
Para tal, o próximo governo polaco conta com a alavanca de um crescimento económico anual cifrado em redor dos sete por cento.