"É melhor terem cuidado", aconselha Trump ao Irão

por RTP
O Irão fez uma promessa: ultrapassar em poucas horas o limite de enriquecimento de urânio estabelecido no acordo nuclear de 2015 Carlos Barria - Reuters

Após a declaração do Irão de que ultrapassará o limite de urânio que pode enriquecer, Donald Trump recomendou "cuidado". Porém, Teerão admitiu poder reverter o avanço se os países europeus, que assinaram o acordo nuclear em 2015, providenciarem apoio político.

"É melhor o Irão ter cuidado, porque o urânio é enriquecido por uma razão. E não vou dizer-vos qual é essa razão, mas não é boa. É melhor terem cuidado", reagiu o Presidente norte-americano à recente declaração de Teerão.

No passado domingo o Irão fez uma promessa: ultrapassar em poucas horas o limite de enriquecimento de urânio estabelecido no acordo nuclear de 2015 – 3,67 por cento. No dia 1 de julho, o país tinha já ultrapassado o limite de reserva de urânio, determinado no mesmo acordo.

Teerão admite agora que o avanço em matéria nuclear é reversível, impondo uma condição: o apoio político da Europa e a sua proteção das sanções norte-americanas. Os países em causa são a Alemanha, a França e o Reino Unido, que assinaram o acordo de 2015, em conjunto com os Estados Unidos, a Rússia e a China, após mais de uma década de crise à volta do programa nuclear iraniano.

"Todos os passos dados pelo Irão podem ser revertidos através da adesão dos três países europeus (Alemanha, Reino Unido e França)", disse Mohammad Yavad Zarif, ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros. 

E acrescentou que, "pelo menos", os três países deviam dar "apoio político" ao Irão, argumentando que estes "não têm qualquer desculpa para se absterem de tomar uma posição política decisiva que mantenha o plano integral", "enfrentando o unilateralismo dos Estados Unidos".


Países europeus preparam reunião de emergência

Os signatários europeus estão a discutir a realização de uma reunião de emergência após a declaração de Teerão.

Uma porta-voz de Bruxelas, Maja Kocijancic, admitiu que o bloco “está extremamente preocupado” com a decisão do Irão, e está já em contacto com as outras partes do acordo, incluindo uma comissão conjunta.

A Alemanha pediu ao Irão que "pare e reverta todas as atividades inconsistentes com os seus compromissos".

Igualmente, o Reino Unido afirmou que "o Irão violou os termos do acordo internacional de 2015" e "deve parar imediatamente e cancelar todas as atividades contrárias às suas obrigações".
Tensão com origem na retirada dos EUA do acordo

No ano passado, Donald Trump retirou-se unilateralmente do acordo nuclear de 2015 e decidiu restabelecer sanções ao Irão.

O Presidente dos Estados Unidos acusou o Irão de nunca ter renunciado à posse de uma arma atómica, e de estar na origem de todos os problemas no Médio Oriente.

As sanções norte-americanas asfixiaram a economia iraniana, levando à fuga de empresas estrangeiras e contribuindo para uma grave recessão.

Agora, em 2019, o Irão decidiu quebrar o compromisso, anunciando que voltaria a investir no enriquecimento de urânio.
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