Economia, clima e desigualdade são temas centrais nas eleições australianas

por Lusa

 

Economia e ambiente, mas também a perceção de um défice democrático no país, são alguns dos temas dominantes na campanha para as eleições legislativa de domingo na Austrália, nas quais se prevê uma mudança de Governo.

A perceção de uma crescente desigualdade social - os jovens têm cada vez mais dificuldades em aceder ao mercado imobiliário ou a emancipar-se -, apesar dos sinais do fim da `bolha` imobiliária, é um dos assuntos em debate.

A economia é claramente um dos temas centrais da campanha, com o país a mostrar sinais de desaceleração, uma dívida privada galopante e, apesar da queda no desemprego, um aumento mínimo de salários com perda do poder de compra.

De um lado está o ex-líder sindical Bill Shorten, que assumiu as `rédeas` dos Trabalhistas desde que perderam o Governo em 2013 e que surgiu como uma força de união interna no partido e de crescente penetração no eleitorado.

Do outro lado está o ex-ministro do Tesouro, Scott Morrison - terceiro líder dos Liberais em quatro anos - e que só assumiu a liderança do partido e do Governo de coligação depois do derrube interno do seu antecessor, Malcolm Turnbull, que chegou ele próprio ao poder após afastar Tony Abbott.

As sondagens antecipam que os mais de 16 milhões de eleitores darão uma vitória a Shorten.

Do lado dos liberais, a campanha assenta na promoção de várias promessas económicas, incluindo a de reduções de impostos ao longo de seis anos e a defesa de indústrias tradicionais, incluindo o carvão e minas.

Trata-se de uma plataforma assente em valores conservadores nos temas sociais, incluindo limitar números de refugiados e imigrantes.

Também Shorten tem divulgado um programa com cortes de impostos, benefícios fiscais e mais gastos sociais, especialmente para os cidadãos mais vulneráveis, com promessas de aumento do salário mínimo.

Reduções em benefícios fiscais para os investidores na bolsa e no setor imobiliário estão entre as promessas dos trabalhistas que querem reduzir a crescente desigualdade geracional.

O partido defende ainda estratégias para reduzir emissões com impacto no clima, mais benefícios para energias alternativas e veículos elétricos.

Ao mesmo tempo, sondagens mostram que são cada vez mais os australianos descontentes com a forma como a democracia está a funcionar no país, especialmente depois de sucessivos `golpes` internos pela liderança dos dois partidos.

Desde o fim do Governo de John Howard, que esteve quase 4.300 dias como primeiro-ministro, que nenhum outro terminou o mandato.

O trabalhista Kevin Rudd, que venceu as eleições de 2007, foi substituído num golpe interno liderado por Julia Gillard, em junho de 2010 - que venceu as eleições de agosto de 2010, mas que foi, ela própria, alvo de um desafio à liderança por Rudd em 2013.

A coligação venceu as legislativas de setembro de 2013, mas Tony Abbott só durou dois anos como primeiro-ministro, sendo substituído por Malcolm Turnbull que vence, com margem mínima, as eleições de 2016, acabando por ser alvo de um `golpe` interno em que acaba substituído por Scott Morrison.

Estabilidade política é, por isso, um assunto essencial no voto de domingo.

O clima é outros dos `palcos` de debate, com a coligação a insistir na agenda de combustíveis fósseis e minas, e os trabalhistas a defenderem mais apostas em energias renováveis e uma redução das emissões.

Os dados mostram que as temperaturas na Austrália têm aumentado, especialmente nas últimas duas décadas, com danos das alterações climáticas a sentirem-se em terra, mas também no mar, provocando, por exemplo, graves danos à Grande Barreira do Coral.

Os níveis de imigração continuam também a suscitar debate, com seis vezes mais imigrantes a entrarem no país hoje do que sucedia 30 anos, apesar da redução no último ano, sendo que mais de metade das pessoas inquiridas em sondagens considerem que os valores estão demasiado altos.

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