A Itália tem oficialmente uma nova líder. Giorgia Meloni tomou posse no fim de semana e aproveitou para pedir um Governo "unido" para responder às emergências do país. A primeira-ministra de extrema-direita sobe ao poder num cenário particularmente difícil em Itália e na Europa, com a inflação a subir a pique e uma incerteza a pesar sobre a economia.
Naquela que é a terceira maior economia da Zona Euro, a inflação subiu em setembro para 8,9%, impulsionada pelo aumento dos preços dos alimentos e da energia. As famílias e empresas esperam, por isso, medidas mais fortes por parte da nova primeira-ministra.
A pressão económica sobre Itália deverá fazer com o que país entre em recessão técnica já no próximo ano, ao lado da Alemanha, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.
Enquanto chefe do executivo, o agora ex-primeiro-ministro Mario Draghi tinha prometido 66 mil milhões de euros em apoios para as famílias e empresas, usando para isso receitas fiscais acima do esperado.
A Confindustria - Confederação Geral da Indústria Italiana, que reúne mais de 100 mil empresas – já pediu mais 40 a 50 mil milhões de euros para impedir o encerramento de empresas. Mas, se o crescimento económico abrandar ainda mais, o Governo fica sem margem de manobra para poder ajudar.
Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga Norte e aliado de Meloni, anda há meses a pedir que sejam gastos mais fundos nos apoios às empresas. A nova primeira-ministra tem, no entanto, garantido aos investidores que não irá estourar o orçamento num país onde o crescimento e a produtividade estão debilitados.
Dívida italiana corresponde a 150% do PIB
Neste momento, a dívida italiana é superior a 2,7 biliões de euros, o equivalente a cerca de 150% do PIB, ficando apenas atrás da Grécia na lista de países da Zona Euro.
Espera-se, agora, que Meloni dê continuidade ao trabalho do ex-primeiro-ministro e antigo chefe do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que conseguiu recuperar o crescimento económico em 2020, após a pandemia de covid-19.
Para este ano prevê-se um défice público de 5,1% do PIB em Itália, menor do que os 7,2% do ano anterior, e uma queda da dívida para 145,4%.
Analistas políticos e económicos acreditam, porém, que Giorgia Meloni possa interferir com estas previsões e piorá-las, devido ao plano de corte de impostos acordado pelo partido Irmãos de Itália.
Crise energética e relações com Moscovo
Associada à crise económica está a crise energética, outro dos grandes desafios de Meloni neste novo mandato. Antes do início da guerra na Ucrânia, a Itália importava 95% do gás que consome, sendo que 40% vinha da Rússia.
Após a invasão por Moscovo, Mario Draghi tomou medidas para aumentar as compras a outros produtores e acelerou o processo de transição para as energias renováveis. Graças a isso, a Itália deverá ter um “inverno tranquilo” com os abastecimentos cheios, garantiu este mês o ainda ministro da Energia, Roberto Cingolani. Resta saber o que irá acontecer daí em diante.
A guerra na Ucrânia traz ainda outro desafio a Meloni. Enquanto primeiro-ministro, Mario Draghi demonstrou uma posição firme contra Moscovo e de apoio a Kiev, defendendo as sanções à Rússia, e a nova chefe de Governo já veio prometer continuar a apoiar a Ucrânia.
No entanto, o seu aliado Matteo Salvini possui laços com Moscovo e já criticou as sanções, considerando-as ineficazes.
Já Silvio Berlusconi, cujo partido Força Itália pertence igualmente à coligação de Meloni, tem uma ligação próxima ao presidente russo, Vladimir Putin.
“Ambição” e “vigilância”
Giorgia Meloni assumiu plenamente as suas funções no domingo e esteve presente no primeiro e breve Conselho de Ministros, após o qual deixou um apelo ao seu Governo para que "permaneça unido".
"Devemos estar unidos, há emergências às quais o país tem de fazer face. Temos de trabalhar juntos", declarou.
O seu primeiro compromisso oficial na cena internacional aconteceu no mesmo dia, encontrando-se com o presidente francês, Emamanuel Macron, que se comprometeu a trabalhar com Giorgia Meloni com “ambição” mas também “vigilância”.
“Como europeus, como países vizinhos, como povos amigos, com a Itália devemos prosseguir todo o trabalho iniciado. Para termos êxito juntos, com diálogo e ambição – devemo-lo à nossa juventude e aos nossos povos”, declarou o chefe de Estado francês.
c/ agências
A pressão económica sobre Itália deverá fazer com o que país entre em recessão técnica já no próximo ano, ao lado da Alemanha, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.
Enquanto chefe do executivo, o agora ex-primeiro-ministro Mario Draghi tinha prometido 66 mil milhões de euros em apoios para as famílias e empresas, usando para isso receitas fiscais acima do esperado.
A Confindustria - Confederação Geral da Indústria Italiana, que reúne mais de 100 mil empresas – já pediu mais 40 a 50 mil milhões de euros para impedir o encerramento de empresas. Mas, se o crescimento económico abrandar ainda mais, o Governo fica sem margem de manobra para poder ajudar.
Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga Norte e aliado de Meloni, anda há meses a pedir que sejam gastos mais fundos nos apoios às empresas. A nova primeira-ministra tem, no entanto, garantido aos investidores que não irá estourar o orçamento num país onde o crescimento e a produtividade estão debilitados.
Dívida italiana corresponde a 150% do PIB
Neste momento, a dívida italiana é superior a 2,7 biliões de euros, o equivalente a cerca de 150% do PIB, ficando apenas atrás da Grécia na lista de países da Zona Euro.
Espera-se, agora, que Meloni dê continuidade ao trabalho do ex-primeiro-ministro e antigo chefe do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que conseguiu recuperar o crescimento económico em 2020, após a pandemia de covid-19.
Para este ano prevê-se um défice público de 5,1% do PIB em Itália, menor do que os 7,2% do ano anterior, e uma queda da dívida para 145,4%.
Analistas políticos e económicos acreditam, porém, que Giorgia Meloni possa interferir com estas previsões e piorá-las, devido ao plano de corte de impostos acordado pelo partido Irmãos de Itália.
Crise energética e relações com Moscovo
Associada à crise económica está a crise energética, outro dos grandes desafios de Meloni neste novo mandato. Antes do início da guerra na Ucrânia, a Itália importava 95% do gás que consome, sendo que 40% vinha da Rússia.
Após a invasão por Moscovo, Mario Draghi tomou medidas para aumentar as compras a outros produtores e acelerou o processo de transição para as energias renováveis. Graças a isso, a Itália deverá ter um “inverno tranquilo” com os abastecimentos cheios, garantiu este mês o ainda ministro da Energia, Roberto Cingolani. Resta saber o que irá acontecer daí em diante.
A guerra na Ucrânia traz ainda outro desafio a Meloni. Enquanto primeiro-ministro, Mario Draghi demonstrou uma posição firme contra Moscovo e de apoio a Kiev, defendendo as sanções à Rússia, e a nova chefe de Governo já veio prometer continuar a apoiar a Ucrânia.
No entanto, o seu aliado Matteo Salvini possui laços com Moscovo e já criticou as sanções, considerando-as ineficazes.
Já Silvio Berlusconi, cujo partido Força Itália pertence igualmente à coligação de Meloni, tem uma ligação próxima ao presidente russo, Vladimir Putin.
“Ambição” e “vigilância”
Giorgia Meloni assumiu plenamente as suas funções no domingo e esteve presente no primeiro e breve Conselho de Ministros, após o qual deixou um apelo ao seu Governo para que "permaneça unido".
"Devemos estar unidos, há emergências às quais o país tem de fazer face. Temos de trabalhar juntos", declarou.
O seu primeiro compromisso oficial na cena internacional aconteceu no mesmo dia, encontrando-se com o presidente francês, Emamanuel Macron, que se comprometeu a trabalhar com Giorgia Meloni com “ambição” mas também “vigilância”.
“Como europeus, como países vizinhos, como povos amigos, com a Itália devemos prosseguir todo o trabalho iniciado. Para termos êxito juntos, com diálogo e ambição – devemo-lo à nossa juventude e aos nossos povos”, declarou o chefe de Estado francês.
c/ agências
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