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Efeito dominó das alterações climáticas são uma séria ameaça

por RTP
Mesmo que os países cumpram com as medidas estabelecidas no Acordo de Paris, as consequências serão inevitáveis Alexandre Meneghini - Reuters

Um grupo de investigadores estimou que, caso a temperatura global aumente dois graus em relação aos níveis pré-industriais, as consequências do aquecimento global surgirão em "efeito-dominó" e deixarão de poder ser contidas.

Uma equipa internacional de investigadores alerta no estudo "Trajetórias do Sistema Terreste no Antropoceno", publicado esta segunda-feira, que o aumento das temperaturas globais em dois graus acima dos níveis pré-industriais desencadeará o colapso dos sistemas naturais.

Estes sistemas, como é o caso das florestas da Amazónia, do gelo do Mar Ártico e Manta de Gelo da Gronelândia, absorvem carbono, evitando que este siga para a atmosfera. Por essa razão, estes sistemas têm ajudado a evitar os piores impactos do aumento da temperatura no planeta.

Os cientistas receiam que, caso um desses sistemas venha a colapsar devido ao aumento das temperaturas, todos os outros sistemas sejam destruídos no chamado “efeito dominó”.No Acordo de Paris de 2015 vários países comprometeram-se a manter o aumento das temperaturas globais abaixo dos dois graus, se possível abaixo de um grau e meio.

Por exemplo, o degelo da Manta de Gelo da Gronelândia poderá despoletar uma mudança na Circulação Meridional do Oceano Atlântico. Esta mudança abriria a possibilidade de um aumento do nível dos oceanos e a acumulação de calor no Oceano Antártico, o que poderia levar ao degelo no este da Antártida.

O que é o mesmo que dizer que ainda que os países cumpram com as medidas estabelecidas no Acordo de Paris (2015), as consequências continuarão a ser catastróficas.

”O que estamos a dizer é que, quando passarmos os dois graus de aquecimento, podemos chegar a um ponto em que entregamos o mecanismo de controlo ao próprio planeta Terra”, explicou Johan Rockström, co-autor do estudo, à BBC.
A eminência de uma “Terra Estufa”
Um aumento de temperaturas desta magnitude levaria a um cenário a que os cientistas apelidaram de “Terra Estufa”. Nesta situação, abater-se-iam sobre o planeta as temperaturas globais mais altas dos últimos 1,2 milhões de anos.

“A nossa sociedade não poderia continuar a viver da mesma forma, com um aumento das temperaturas médias de quatro a cinco graus e um aumento do nível dos oceanos entre 10 e 60 metros”, afirmou Katherine Richardson, co-autora do estudo, à CNN.

Os autores admitem que as temperaturas atuais podem não implicar diretamente esse risco de ultrapassar a marca dos dois graus. Deixam, contudo, o alerta para a possibilidade de a Terra estar mais sensível ao aquecimento global. “Devemos aprender com estas temperaturas e tomá-las como um aviso para sermos mais cuidadosos”, apontou Johan Rockström.

O estudo indica que temos de “adotar passos para reduzir os impactos perigosos no planeta Terra”, o que inclui parar de queimar combustíveis fósseis, proteger as florestas e desenvolver máquinas que eliminem o carbono do ar.

Há, no entanto, quem sugira que não se pode confiar nas populações para que alterem os seus modos de vida: “Dadas as evidências da história humana, isso parece-me uma esperança ingénua”, afirmou Chris Rapley, da University College London.
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