"Eles precisam desesperadamente". Trump anuncia envio de sistemas defensivos Patriot à Ucrânia
A Administração norte-americana vai remeter à Ucrânia sistemas de defesa antiaérea Patriot, anunciou na noite de domingo o presidente dos Estados Unidos. Em contexto de aparente degradação das relações com o presidente russo, Vladimir Putin, Donald Trump assume que os ucranianos "precisam desesperadamente" de armamento defensivo.
"Vamos enviar-lhes Patriots, de que eles precisam desesperadamente", afirmou o presidente norte-americano, ao cabo de duas semanas de suspensão da entrega de armas dos Estados Unidos à Ucrânia. "Ainda não decidi a quantidade, mas eles vão recebê-las, pois precisam de proteção", prosseguiu Donald Trump.
O retomar do abastecimento bélico das Forças Armadas ucranianas é enquadrada por um acordo sob os auspícios da NATO. A Aliança Atlântica pagará aos norte-americanos o armamento a enviar à Ucrânia, segundo o próprio Trump: "Na verdade, vamos enviar vários equipamentos militares muito sofisticados e eles vão pagar-nos 100 por cento".Os mísseis Patriot constituem um dos principais sistemas defensivos dos Estados Unidos e visam intercetar ataques por terra e ar.
O presidente dos Estados Unidos remetera para esta segunda-feira uma "importante declaração" sobre a Rússia - o senador republicano Lindsay Graham, uma das vozes mais próximos da atual Casa Branca, aventou a possibilidade de sanções. Isto após uma sequência de declarações a exprimir um aparente afastamento face ao homólogo russo, face aos ataques continuados sobre o território ucraniano.
"Putin surpreendeu muita gente. Fala bem e depois bombardeia toda a gente à tarde. Portanto, há um pequeno problema e eu não gosto disso", queixou-se o 47.º presidente norte-americano.
Na sexta-feira, por seu turno, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicava ter mantido uma conversa ao telefone com o homólogo norte-americano, sinalizando já então o "reforço da proteção" do seu país, a braços com sucessivas vagas de drones e mísseis russos.
Por outro lado, espera-se que Kiev receba a visita de Keith Kellogg, emissário de Washington para o conflito no leste da Europa.
"Direitos aduaneiros de 500%"
Em declarações à norte-americana CBS, no domingo, Lindsay Graham saiu em defesa de sanções pesadas contra Moscovo. E acenou mesmo com "uma viragem" na guerra. A proposta, arguiu o senador republicano, "daria ao presidente Trump a capacidade de impor direitos aduaneiros de 500 por cento sobre qualquer país que ajude a Rússia e apoie a máquina de guerra de Putin".A via das sanções está, segundo Trump, a ser "estudada de muito perto" entre as paredes da Casa Branca.
"É um martelo que o presidente Trump tem à sua disposição para pôr fim à guerra", clamou Graham, que se deslocou à Europa para promover esta via na companhia do senador democrata Richard Blumenthal.
A voz do legislador republicano foi também ouvida a invocar possíveis medidas sobre os bens russos congelados, ou a venda, aos aliados europeus, de "enormes quantidades de armas que poderão beneficiar a Ucrânia".
I had a good meeting with U.S. Senators @LindseyGrahamSC and @SenBlumenthal. I’m grateful for their participation in the Ukraine Recovery Conference, as well as in the meeting of the Coalition of the Willing. It is important that the United States joined this format – for the… pic.twitter.com/SmAdgSbznM
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) July 10, 2025
No X, Zelensky fez eco das propostas dos senadores norte-americanos para afirmar que estas "podem aproximar-nos da paz".
"Valor estratégico"
Mas também a Rússia mantém uma frente diplomática em ação. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, deslocou-se a Pequim, onde, no domingo, ouviu do homólogo chinês, Wang Yi, a afirmação de que a relação entre Rússia e China é "a mais rica do mundo em valor estratégico". Lavrov chegou a Pequim após uma visita à Coreia do Norte, aliada de Moscovo no campo de batalha.
Em comunicado, o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros descreveu a relação bilateral como "a mais estável, a mais madura e a mais rica em valor estratégico".
Yi destacou, como prioridade, a "preparação conjunta dos próximos intercâmbios de alto nível", o "aprofundamento da cooperação estratégica global" e a "resposta comum aos desafios de um mundo em mudança e turbulento".
Os dois governantes discutiram, em concreto, a situação na Península Coreana, a guerra na Ucrânia, o programa nuclear do Irão, as relações com os Estados Unidos e a guerra no Médio Oriente.
c/ agências