"Eles precisam desesperadamente". Trump anuncia envio de sistemas defensivos Patriot à Ucrânia

A Administração norte-americana vai remeter à Ucrânia sistemas de defesa antiaérea Patriot, anunciou na noite de domingo o presidente dos Estados Unidos. Em contexto de aparente degradação das relações com o presidente russo, Vladimir Putin, Donald Trump assume que os ucranianos "precisam desesperadamente" de armamento defensivo.

Carlos Santos Neves - RTP /
"Vamos enviar-lhes Patriots, de que eles precisam desesperadamente", afirmou o presidente norte-americano Thomas Peter - Reuters

"Vamos enviar-lhes Patriots, de que eles precisam desesperadamente", afirmou o presidente norte-americano, ao cabo de duas semanas de suspensão da entrega de armas dos Estados Unidos à Ucrânia. "Ainda não decidi a quantidade, mas eles vão recebê-las, pois precisam de proteção", prosseguiu Donald Trump.

O retomar do abastecimento bélico das Forças Armadas ucranianas é enquadrada por um acordo sob os auspícios da NATO. A Aliança Atlântica pagará aos norte-americanos o armamento a enviar à Ucrânia, segundo o próprio Trump: "Na verdade, vamos enviar vários equipamentos militares muito sofisticados e eles vão pagar-nos 100 por cento".Os mísseis Patriot constituem um dos principais sistemas defensivos dos Estados Unidos e visam intercetar ataques por terra e ar.

O presidente dos Estados Unidos remetera para esta segunda-feira uma "importante declaração" sobre a Rússia - o senador republicano Lindsay Graham, uma das vozes mais próximos da atual Casa Branca, aventou a possibilidade de sanções. Isto após uma sequência de declarações a exprimir um aparente afastamento face ao homólogo russo, face aos ataques continuados sobre o território ucraniano.

"Putin surpreendeu muita gente. Fala bem e depois bombardeia toda a gente à tarde. Portanto, há um pequeno problema e eu não gosto disso", queixou-se o 47.º presidente norte-americano.

Na sexta-feira, por seu turno, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicava ter mantido uma conversa ao telefone com o homólogo norte-americano, sinalizando já então o "reforço da proteção" do seu país, a braços com sucessivas vagas de drones e mísseis russos.

Os canais diplomáticos deverão entrar em velocidade acrescida, esta segunda-feira, a partir das 14h00 de Lisboa, com um encontro na Sala Oval entre o presidente dos Estados Unidos e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte. Vai estar também presente o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

Por outro lado, espera-se que Kiev receba a visita de Keith Kellogg, emissário de Washington para o conflito no leste da Europa.
"Direitos aduaneiros de 500%"

Em declarações à norte-americana CBS, no domingo, Lindsay Graham saiu em defesa de sanções pesadas contra Moscovo. E acenou mesmo com "uma viragem" na guerra. A proposta, arguiu o senador republicano, "daria ao presidente Trump a capacidade de impor direitos aduaneiros de 500 por cento sobre qualquer país que ajude a Rússia e apoie a máquina de guerra de Putin".A via das sanções está, segundo Trump, a ser "estudada de muito perto" entre as paredes da Casa Branca.

"É um martelo que o presidente Trump tem à sua disposição para pôr fim à guerra", clamou Graham, que se deslocou à Europa para promover esta via na companhia do senador democrata Richard Blumenthal.

A voz do legislador republicano foi também ouvida a invocar possíveis medidas sobre os bens russos congelados, ou a venda, aos aliados europeus, de "enormes quantidades de armas que poderão beneficiar a Ucrânia".


No X, Zelensky fez eco das propostas dos senadores norte-americanos para afirmar que estas "podem aproximar-nos da paz".
"Valor estratégico"
Mas também a Rússia mantém uma frente diplomática em ação. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, deslocou-se a Pequim, onde, no domingo, ouviu do homólogo chinês, Wang Yi, a afirmação de que a relação entre Rússia e China é "a mais rica do mundo em valor estratégico". Lavrov chegou a Pequim após uma visita à Coreia do Norte, aliada de Moscovo no campo de batalha.

Em comunicado, o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros descreveu a relação bilateral como "a mais estável, a mais madura e a mais rica em valor estratégico".

Yi destacou, como prioridade, a "preparação conjunta dos próximos intercâmbios de alto nível", o "aprofundamento da cooperação estratégica global" e a "resposta comum aos desafios de um mundo em mudança e turbulento".

Os dois governantes discutiram, em concreto, a situação na Península Coreana, a guerra na Ucrânia, o programa nuclear do Irão, as relações com os Estados Unidos e a guerra no Médio Oriente.

c/ agências
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