Austrália promete alcançar a meta de zero emissões de carbono em 30 anos mas na versão "Australian Way". O primeiro ministro Scott Morrison tem um plano na manga em vésperas da Conferência do Clima, a Cop26, e acena com "a maneira exclusivamente australiana" para combater as alterações climáticas onde não inclui limitar o setor de combustíveis fósseis.
Austrália é um dos países menos limpos per capita e um dos maiores fornecedores de carvão e gás a nível global.
Tem se atrasado na corrida de emissões zero para 2030 e o desacordo com os aliados EUA e Reino Unido está aceso.
"Não receberemos lições de outros que não entendem a Austrália. O plano Australian Way não se trata do 'se', mas do 'como' os australianos lidam com o desafio das alterações climáticas" escreveu Scott Morrison numa coluna de opinião citada pela BBC.
O planoMorrison diz ter um plano depois de negociar com os parlamentares resistentes do governo.
Defende que o trabalho tem que ser feito em conjunto com os Liberais e os Nacionais de forma a garantir um equilíbrio sem que "o fardo de tomar medidas sobre as mudanças climáticas não deva recair injustamente sobre os australianos rurais e regionais, especialmente aqueles que dependem de indústrias tradicionais, como mineração e agricultura".
Australian way"Como primeiro-ministro, estou determinado a proteger nossa nação do impacto negativo dessas mudanças e, ao mesmo tempo, posicionar-nos para aproveitar as muitas oportunidades apresentadas, especialmente para a Austrália rural e regional", sublinha o primeiro ministro.
"A chave para essa abordagem é o investimento em novas tecnologias de energia, como hidrogênio e energia solar de baixo custo, para assegurar que os nossos setores de manufatura, recursos, agricultura e transporte possam salvaguardar o seu futuro, especialmente em áreas rurais e regionais", acrescenta.
Morrison afirma que limitar a produção de carvão não faz parte dos planos, pelo menos, de imediato.
PiadaOs planos do governo suscitaram reações antagónicas. Bem recebidos por uns, mas também muito criticados.
Para além das falhas na definição de detalhes, o Conselho do Clima australiano descreveu o plano como "uma piada sem fortes cortes de emissões nesta década".
"A Austrália precisa desesperadamente de aumentar a escala de energia renovável, eliminar o carvão e o gás e eletrificar os nossos sistemas de transporte", disse Amanda McKenzie, diretora do Conselho do Clima.
O líder da oposição Anthony Albanese sublinhou que: "A palavra plano não constitui um plano, não importa quantas vezes seja dita".
O compromisso da Austrália para 2030 continuará a ser um corte de 26% nas emissões. Atualmente, está a caminho de uma redução de 30-35%, disse o governo.
O plano tem "a força de um saco de papel molhado", manifestou Joe Fontaine, um especialista em ecologia na Murdoch University.