Empresário foi avalista de empréstimo ao partido do Presidente do Brasil

Um empresário, envolvido no escândalo de suborno de deputados, admitiu ter sido avalista de um empréstimo feito pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no valor de três milhões de reais (um milhão de euros), noticia hoje a revista Época.

Agência LUSA /

De acordo com documentos publicados no passado fim-de-semana pela revista Veja, o empresário Marcos Valério de Souza foi também avalista de um empréstimo de 2,4 milhões de reais (852 mil euros) feito em 2003 pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do Presidente brasileiro, Luiz inácio Lula da Silva.

No depoimento à Polícia Federal, Marcos Valério disse não ter qualquer relação comercial com o PT, mas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que está a investigar as denúncias no Congresso, o empresário da área de publicidade admitiu, na quarta-feira, que foi avalista do PT.

Marcos Valério afirmou que o empréstimo referido pela revista Veja foi a única transacção financeira do partido feita com seu aval.

De acordo com dados da Receita Federal (Finanças), pelo menos 1000 milhões de reais (353 milhões de euros) passaram pelas contas do empresário, da mulher e das suas agências de publicidade, de 2003 até hoje - um montante que impressionou os parlamentares que integram a CPI.

Marcos Valério é acusado, juntamente com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, de fazer o pagamento de "mesadas" no valor de 30 mil reais (10 mil euros) a deputados da base aliada para votarem a favor do Governo.

O mentor do alegado esquema de compra de votos pelo PT, escândalo conhecido no Brasil como "mensalão", seria o ex-ministro da Casa Civil da presidência José Dirceu, de acordo com as denúncias divulgadas há um mês pelo deputado Roberto Jefferson, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), aliado do Governo.

Por seu lado, Jefferson, acusado de envolvimento em actos de corrupção nos Correios, foi confrontado quinta-feira com o levantamento dos sigilos bancário, fiscal e telefónico, a pedido da CPI. Também foram levantados os sigilos de dez empresas de Marcos Valério de Souza.

Já o ex-ministro José Dirceu, o Presidente do PT, José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário geral do partido Sílvio Pereira, propuseram o levantamento dos seus sigilos à CPI.

As denúncias de corrupção que se sucedem no Brasil desde Maio atingiram também o ministro da Comunicação Luiz Gushiken, homem da confiança do Presidente Lula da Silva.

De acordo com a imprensa brasileira, Gushiken já teria colocado o cargo à disposição do Presidente, na sequência de várias reportagens sobre a sua influência em fundos de pensões e sobre uma empresa da qual foi sócio e que teve uma elevada facturação.

Hoje, três novos ministros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), nomeados esta semana por Lula da Silva, vão tomar posse e, segundo o porta-voz da presidência, mais mudanças no Governo serão anunciadas.

A remodelação tem sido interpretada como uma reacção da presidência do Brasil à actual crise política gerada pelas denúncias de corrupção e deverá envolver ainda mudanças em outros ministérios e nas administrações de empresas estatais.

O escândalo do "mensalão" veio a público há um mês, com a publicação pelo jornal Folha de São Paulo das denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB) de que o PT pagou, durante os dois anos da presidência de Lula da Silva, "mesadas" de 30 mil reais (10 mil euros) a deputados da base aliada para votarem a favor do Governo no Congresso.

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