Moçambique. Encontrados restos mortais de três pessoas em Ancuabe 

Populares relataram hoje à Lusa que encontraram restos mortais de três pessoas que terão sido baleadas por supostos rebeldes nas matas de Intutupue, a cerca de 40 quilómetros da sede de Ancuabe, na província moçambicana de Cabo Delgado.

Lusa /

Segundo o líder de uma localidade próxima de Intutupue, as vítimas eram residentes da aldeia Nacussa e Natocua, no distrito de Ancuabe, e foram surpreendidas quando estavam a caçar ratazanas, no perímetro entre as comunidades de Intutupue e Missufine, ao longo da Estrada Nacional 1 (EN1).

"Há quatro dias os terroristas atravessaram a estrada nacional EN1, em direção ao norte e, nesta passagem, encontraram três pessoas a caçarem ratazanas, foi quando balearam mortalmente por suspeitarem de serem cristãos", disse à Lusa o líder local, a partir de Ancuabe.

As mortes aconteceram no domingo e os corpos foram encontrados e sepultados na segunda-feira, no mesmo local, após suspeita de populares face à demora no regresso da caça.

"Naquele dia ninguém conseguiu localizar, mas no dia seguinte sim, e sepultamos", disse o líder comunitário, acrescentando que há uma semana que as comunidades de Intutupue, Aldeia Miguel, em Ancuabe e Nanlia e Nancaramo, em Metuge, alertam para a circulação frequente de supostos terroristas, sobretudo atravessando a EN1 para o norte, após ataques, em Memba, província vizinha de Nampula.

A organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês) estima que Cabo Delgado foi palco de 14 eventos violentos entre 10 e 23 de novembro, envolvendo extremistas do Estado Islâmico, dos quais resultaram 12 mortos.

De acordo com o mais recente relatório da ACLED, dos 2.270 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada naquela província, um total de 2.107 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).

Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.341 mortos, refere o balanço, incluindo as 12 vítimas reportadas nestas duas semanas de novembro.

"Os confrontos entre as forças estatais e o EIM foram retomados no distrito de Macomia, no que parece ser uma importante operação de contra-insurgência em curso", lê-se no relatório, que recorda que o Estado Islâmico afirmou num boletim semanal que, em 10 de novembro, o EIM repeliu tentativas das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) para recuperar um posto avançado em Quiterajo.

"A 15 de novembro, o EI afirmou ter ferido dois soldados ruandeses num confronto 20 quilómetros a sul, na aldeia de Cogolo. Seis dias depois, fontes locais afirmam que ocorreu outro confronto em Cogolo, quando o EIM emboscou as forças ruandesas, que tinham descoberto um engenho explosivo improvisado colocado pelo grupo. Não se registaram vítimas mortais e, de acordo com uma fonte, o EIM sofreu feridos no confronto", descreve ainda a ACLED.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques de extremistas islâmicos há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

 

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