Entrevista à RTP. Embaixador de Israel em desacordo com a posição de Portugal

O embaixador de Israel em Portugal não compreende a polémica com as declarações do presidente da República quando disse que "desta vez, foram os palestinianos que começaram". Considera que Marcelo Rebelo de Sousa apenas disse a verdade, acrescentando que "não podemos negar que foi a organização terrorista do Hamas do lado palestiniano que iniciou esta guerra. É um facto, nem sequer é discutível".

RTP /
Em entrevista exclusiva à RTP, gravada na terça-feira, dia que o conflito completou um mês, Dor Shapira afirmou que não concorda com a posição de Portugal quando votou na Assembleia Geral das Nações Unidas a favor de uma trégua humanitária imediata.

O embaixador de Israel em Portugal diz que depois da guerra contra o Hamas a intenção do seu país não é regressar à Faixa de Gaza, que deixou em 2015 e explica que decidiram avançar com a guerra contra o Hamas porque não podiam "continuar a viver assim, ao lado de uma organização terrorista que ameaça a nossa vida, que invadiu o nosso país e chacinou civis".

Nesta entrevista, Dor Shapira afirma que Israel viveu há um mês "o pior e mais horroroso ataque terrorista da sua história", na realidade israelita, "20 vezes maior que o 11 de setembro", e que o seu país decidiu avançar com esta guerra para devolver a segurança a Israel, para garantir que o Hamas não tenha capacidade de efetuar ações como a do dia 7 de outubro no futuro e por último para recuperar os reféns.O representante de Israel em Portugal assumiu que "houve erros" na prevenção do ataque do Hamas contra Israel e garantiu que depois de "acabar com esta guerra" e "atingir os objetivos" israelitas, "haverá investigações para ver onde se errou (...) que informações tínhamos ou não e como abordámos isso".


Sobre a recusa de Israel aceitar um "cessar-fogo" na Faixa de Gaza, Shapira afirma que o país teve "um cessar-fogo, até às 6h35 de 7 de outubro", e que neste momento está "num estado de guerra para garantir que a organização terrorista será eliminada".

"Não quebrámos o cessar-fogo e não iniciámos esta guerra", sublinhou.

Disse que Israel tem atualmente a "capacidade de controlar a situação humanitária na Faixa de Gaza" e que está trabalhar com o Egito para permitir a entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano e "garantir que vai para os sítios certos", acusando o Hamas de ficar com os alimentos e os medicamentos que entram em Gaza

"Ao lutarmos contra esta organização terrorista garantindo que será eliminada, também estamos a ajudar Mahmoud Abbas (...) assim como o povo palestiniano na Faixa de Gaza e também na Cisjordânia" defende Shapira.
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