Epidemia de ébola na África Ocidental entre as "mais assustadoras", considera a OMS

Genebra, 08 abr (Lusa) -- A epidemia da febre hemorrágica de ébola na África Ocidental está entre as "mais assustadoras" desde o aparecimento da doença há 40 anos, anunciou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando já há 111 mortos.

Lusa /

"É uma das epidemias mais assustadoras com que nos confrontámos", disse o diretor-geral adjunto da OMS, Keiji Fukuda, numa conferência de imprensa em Genebra, na Suíça.

Keiji Fukuda adiantou que a propagação da epidemia, que eclodiu no sul da Guiné, pode estar a alargar-se à capital, Conacri, e ao país vizinho, Libéria, o que é particularmente preocupante.

"Não tivemos até agora uma epidemia de ébola nesta parte da África", mas a OMS já enviou equipas de ajuda humanitária para o local, disse Fukuda.

"Este tipo de epidemia é frequentemente associada a muito medo e ansiedade", sublinhou.

De acordo com os últimos dados divulgados hoje pela OMS, há 157 casos de ébola registados só na Guiné, dos quais 101 resultarem em mortes.

A OMS adianta que 67 casos foram confirmados por análises laboratoriais

Vinte casos foram registados na cidade portuária Conacri, e 21 casos na Libéria, dos quais dez pessoas morreram.

Foram também registados casos na Serra Leoa, em que se suspeita que as pessoas tenham contraído a doença na Guiné.

No Mali, há nove casos suspeitos, mas dois testes revelaram-se negativos.

"Não devemos dar demasiada importância aos números", recomendou Stéphane Hugonnet, um médico especialista da OMS, que regressou recentemente da Guiné.

"O mais importante é a tendência e a propagação da infeção. Aparentemente, há um risco de outros países estarem a ser infetados. Portanto, devemos permanecer vigilantes a todo custo", sublinhou o médico.

O vírus foi detetado pela primeira vez em 1976 em dois surtos simultâneos no Sudão e na República Democrática do Congo.

Desde 1976, o Ébola causou a morte de pelo menos 1.200 pessoas, dos 1.850 casos detetados. Os surtos mais fortes registaram-se na República Democrática do Congo, em 1976 (318 casos), 1995 (315 casos) e 2007 (264 casos), no Sudão, em 1976 (284), e no Uganda, em 2000 (425 casos).

Os surtos surgem normalmente em aldeias remotas da África central e ocidental, junto a florestas tropicais, pode ler-se no sítio da OMS na Internet.

Neste momento, o vírus, que tem cinco estirpes distintas, só existe no continente africano, mas já houve casos nas Filipinas e na China.

Para evitar o contágio humano, a OMS recomenda evitar o contacto com morcegos e macacos e o consumo da sua carne crua, assim como evitar o contacto físico com pacientes infetados, em particular com os seus fluidos corporais.

Os profissionais de saúde estão em risco acrescido, sobretudo porque os sintomas iniciais são pouco específicos e podem ser associados a outras doenças, como a malária.

Após uma eventual infeção, pouco se pode fazer, já que não há vacinas nem tratamentos, restando apenas a hidratação do doente com soluções com eletrólitos ou a administração intravenosa de fluidos.

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