Erdogan ameça atacar a Síria em "toda a parte"

por RTP
Forças militares turcas em Hazano, próximo de Idlib Reuters

Subiram de tom os avisos turcos à Síria. Recep Tayyip Erdogan afirmou esta manhã que atacará o regime sírio "em toda a parte", caso se repita um novo ataque às suas forças. Acusou ainda a Rússia de estar a participar do "massacre" de civis no noroeste da Síria.

"Declaro que atacaremos o regime em todos os lugares" no caso de um novo ataque às forças turcas na província de Idlib, disse Erdogan durante um discurso em Ancara. "O regime e as forças russas, que estão constantemente a atacar civis, estão a cometer massacres e a derramar sangue", afirmou.

"Caso haja o mais pequeno ferimento nos nossos soldados nos postos de observação ou noutros locais, declaro aqui que iremos atacar as forças do regime em qualquer lado, sem ter em conta as fronteiras de Idlib ou as linhas estabelecidas no acordo de Sochi", afirmou, referindo-se ao acordo de cessar fogo de 2018.

Catorze soldados turcos foram mortos e 45 ficaram feridos desde o início de fevereiro em ataques do regime sírio na região de Idlib, onde a Turquia tem uma dúzia de postos de observação sob acordos concluídos com a Rússia.

Nas últimas semanas intensificaram-se os ataques sírios, apoiados pelos russos, em Idlib, naquele que é último bastião rebelde.

"Os aviões que atingem as populações civis de Idlib não podem realizar mais ações como antes", disse Erdogan. A ameaça tem como alvo o governo sírio mas também é um claro sinal de desagrado perante o apoio da Rússia.

Erdogan promete uma resposta "por ar ou por terra" se um único militar turco for ferido, deixando mesmo em aberto que até aviões russos podem ser alvo da uma eventual resposta militar.

O líder turco está determinado em afastar as tropas sírias para lá dos postos de observação na região de Idlib até ao final de fevereiro. Para além dos avisos ao governo sírio, Erdogan avisou também as forças rebeldes para evitarem qualquer ação que possa provocar um confronto.

Desde o início de dezembro a violência em Idlib e Aleppo levou à fuga de 689 mil pessoas, indicam as Nações Unidas. Com o reforço destas operações sírias e russas, Ancara teme um novo fluxo de refugiados em direção ao seu território.

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